José
de Matos-Cruz | 01 Junho 2015 | Edição Kafre | Ano XII – Semanal – Fundado em
2004
PRONTUÁRiO
CREPÚSCULOS
No
imaginário americano, radical e crepuscular, o fim da civilização emerge pelos
sinais de uma vivência quotidiana banal, cuja actualidade é devastada por um
universo virtual, violento e paranóico. Assim desvenda Hard Boiled (1990) - um
testemunho em quadradinhos perturbante, devastador, concebido pelo lendário Frank Miller, a que Geof Darrow correspondeu, com uma
impressionante ilustração, colorida ao delírio por Claude Legris. Carl Seltz é um cidadão comum, inspector de seguros
e pai de família numa tranquila periferia. Mas, quando dorme, terríveis
pesadelos avassalam, transformando-o num andróide exterminador, Unidade 4, que
põe em risco a sobrevivência da sociedade. Até ser regenerado, mas… Mundos
paralelos? Realidades antagónicas? Ou projecções apocalípticas de uma
mentalidade em transe, alucinatória, pervertida sob os desígnios do bem e do
mal? A verdade pode ser uma revelação fatal…
IMAG.27-40-98-149-193-209-240
CALENDÁRiO
MAI2014 - Em Espanha, o artista
argentino Joaquín Salvador Lavado, aliás Quino, criador de Mafalda (1964), é distinguido com o Prémio Príncipe das Astúrias de
Comunicação e Humanidades. IMAG.11-58-267-289-481
¨1928-28MAI2014 - Marguerite Ann Johnson, aliás Maya Angelou:
Escritora americana, poetisa, ficcionista e actriz, militante dos direitos
cívicos dos negros, autora de I Know Why
the Caged Bird Sings, distinguida com a Medalha Presidencial da Liberdade.
¸29MAI2014 - Cineclube do Porto apresenta Cativeiro de André Gil Mata. IMAG.284
¸29MAI2014 - Agência da Curta Metragem apresenta A Mãe e o Mar de Gonçalo Tocha. IMAG.404
MEMÓRiA
¨01JUN1265-1321 - Durante degli Alighieri, aliás Dante Alighieri:
Escritor e político italiano - «A fama que se adquire no mundo não passa de um
sopro de vento, que ora vem de uma parte, ora de outra, e assume um nome
diferente segundo a direcção de onde sopra». IMAG.39-142-225-277-338
1757-01JUN1815 - James Gillray:
Ilustrador e caricaturista britânico, celebrado pela crítica política e social
que estilizou entre 1792 e 1810.
®03JUN1925-2010 - Tony Curtis: Actor americano - «A fama é uma forma
de conseguir bons lugares em restaurantes e carros bonitos, e de amar muitas
pessoas». IMAG.327-447
¯1838-03JUN1875 - Georges Alexandre César Léopold Bizet, aliás Georges
Bizet: Compositor francês, autor de Carmen
- «A riqueza da obra, no capítulo da orquestração, da construção melódica e da
textura harmónica, aliadas a uma mistura entre a corrente do Realismo, em voga
na época, e o exotismo do próximo, conferiram-lhe um lugar de destaque na
história da música ocidental» (Pedro Russo Moreira). IMAG.200-439-464
¯05JUN1935-2013 - António Manuel Dias Pequerrucho, aliás António
Mourão: Fadista português, intérprete de Ó
Tempo, Volta Para Trás - «O profissionalismo e entrega nos palcos
contrastavam com a sua personalidade tímida e reservada» (António Chainho). IMAG.488
¨06JUN1875-12AGO1955 - Thomas Mann: Escritor alemão, Prémio Nobel da
Literatura em 1929 - «A felicidade do escritor é o pensamento que consegue
transformar-se completamente em sentimento, é o sentimento que consegue
transformar-se completamente em pensamento» (Morte em Veneza). IMAG.173-233-261
¨Em leito de penas
não
se alcança a fama, nem sobre as cobertas;
Quem
a vida consome sem a fama,
não
deixa de si nenhum vestígio sobre a terra,
qual
fumo no ar e espuma na água.
Dante
Alighieri
COMENTÁRiO
James Gillray
- Génio Britânico da Sátira Política
A
sociedade portuguesa na dobra dos séculos XIX para XX está todas nas
caricaturas e ilustrações de Rafael Bordalo Pinheiro. Mundo fora, cada país tem
os seus próprios Bordalos, com maior ou menor talento que o nosso autor do Zé Povinho e da Grande Porca da Política. Um dos mais famosos caricaturistas de
sempre foi, sem dúvida, o britânico James Gillray (1757-1815). Prolífero na sua
obra gráfica, com mais de mil desenhos satíricos que lhe são atribuídos. Os
episódios políticos domésticos, a geoestratégia da época, os costumes da
altura, os ridículos de cada classe ou de certos acontecimentos - o traço
cáustico de Gillray é, simultaneamente, motivo de deleite para os apreciadores do
desenho e uma fonte documental para os historiadores. Repare-se, apenas, em Contrastes
da moda ou A capitulação do pequeno calçado da duquesa diante do tamanho dos
pés do duque. Imenso génio. - F.M.
20JUN2009
- Diário de Notícias
Georges Bizet
- Autor de Carmen Triunfa Após Críticas
¯Foi um escândalo. Na noite de 3 de março de 1875, a platéia presente à
Opéra-Comique de Paris saiu chocada com a estréia de Carmen, de Georges Bizet. Acostumado com histórias ditas
«edificantes», o público ficou incomodado com aquele espectáculo singular, no
qual uma cigana desprovida de qualquer moral, sem a menor sombra de remorso ou
piedade, enfeitiçava e levava os homens à perdição. Em vez de final feliz, um
assassinato em cena.
Carmem é morta pelo amante, a punhaladas.
A
música, tão perturbadora quanto o enredo, foi motivo de igual controvérsia. A
crítica, na imprensa da época, mostrar-se-ia dividida. A maioria, é certo,
tratou a ópera de Bizet como um espectáculo repugnante e obsceno. «Se fosse
possível imaginar Sua Majestade Satânica escrevendo uma ópera, Carmen seria o tipo de obra que se
esperaria», diria o Music Trade Review,
de Londres.
Houve,
porém, quem pensasse o contrário. «Bizet quer pintar homens e mulheres de
verdade, alucinados, atormentados pelas paixões, pela loucura. Assim, a
orquestra conta suas angústias, seus ciúmes, suas cóleras e a insensatez
geral», foi a avaliação publicada no Le
National, de Paris.
A
originalidade de Carmen acabaria
triunfando sobre os preconceitos e valores da época. Mas Bizet não viveria a
tempo de assistir a seu próprio triunfo. Exactamente três meses após a polémica
estreia, recolhido a Bougival, uma pequena cidade do interior da França, ele
morreria de um ataque do coração.
http://musicaclassica.folha.com.br/cds/22/biografia-2.html
(excerto)
VISTORiA
¨ – As estrelas, meu Deus! Olha só para estas estrelas… – disse
repentinamente, com entoação pesada e cantante, uma voz que parecia vir de
dentro de um tonel. Já a conhecia. Pertencia a um homem ruivo, vestido com
simplicidade, de pálpebras vermelhas e um aspecto húmido e frio, como se
acabasse de tomar banho. Fora o vizinho de Tonio Kroeger, durante o jantar na
cabina, e havia consumido com hesitação e movimentos modestos, porções
espantosas de omeleta de lagosta. Agora encostava-se ao lado dele na amurada e
olhava para o céu segurando o queixo com o polegar e o indicador. Sem dúvida,
encontrava-se numa dessas disposições extraordinárias e festivas, nas quais as
barreiras entre os homens caem, nas quais o coração também se abre para
estranhos e a boca diz coisas que em outra circunstância, envergonhada,
guardaria para si…
Thomas
Mann
-
A Montanha Mágica
ANUÁRiO
¨4aC-65 - Lucius Annaeus Seneca, aliás Séneca: «A vida, se bem empregue, é
suficientemente longa e foi-nos oferecida com plena capacidade para a
realização de importantes tarefas. Pelo contrário, se desperdiçada no luxo e na
indiferença, se nenhuma obra é materializada, por fim, se não se respeita
qualquer valor, então não realizamos aquilo que deveríamos concretizar, e
sentimos que ela efectivamente se esvai». IMAG.115-321-482
¨Assírio & Alvim edita Novela de Xadrez de Stefan Zweig (1881-1942); tradução de Álvaro Gonçalves. IMAG.32-48-176-348-359
¯Sony Classical edita em CD, SergueiSergueievitch Prokofiev [1891-1953] 3 - [Bela] Bartók [1881-1945] 2 pelo
pianista Lang Lang, com Berliner Philharmoniker, sob a direcção de Simon Rattle.
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