José
de Matos-Cruz | 24 Fevereiro 2020 | Edição Kafre | Ano XVI – Semanal –
Fundado em 2004
PRONTUÁRiO
FATALIDADE
Ultrapassando
a mera cinefilia sobre uma obra de culto, o fenómeno de Princesa
Mononoke/Princess
Mononoke
estende-se às virtualidades duma apreensão ocidental sobre um filme
genuinamente asiático, e em especial de características gráficas.
Nos Estados Unidos, foi considerada a mais importante animação
oriunda do Japão, até à data, permitindo ainda revelar Hayao
Miyazaki,
um realizador talentoso e sensível, com inspiração essencial no
imaginário tradicional e popular do seu país.
Estreada
em Tóquio em 1997, logrou o segundo maior sucesso comercial do ano.
A Miramax decidiu recriar
integralmente uma Versão
Inglesa
(1999), mantendo implícita fidelidade ao espírito
original. Por sugestão de Quentin Tarantino, seu admirador, foi
incumbido da supervisão Neil
Gaiman,
prestigiado escritor britânico de quadradinhos. Profundo conhecedor
das mitologias universais, tal como repercute em The
Sandman,
Gaiman devotou-se a uma intensa pesquisa sobre o lendário nipónico,
à época ritualizada por Princesa
Mononoke.
Em causa, a «floresta oriental do Século XVI», luxuriante e
fantástica. Quando os domínios naturais são devastados pelo clã
Tatara, o Grande Deus atribui extraordinários poderes às suas
divindades, assim aparecendo criaturas medonhas, ilusórias. Por
fatalidade, uma delas é morta pelo jovem Ashitaka, o último
guerreiro do clã Emishi, em risco de
extinção…
IMAG.17-21-25-26-34-49-59-86-117-188-203-240-243-537-667-714-739
IMAG.17-21-25-26-34-49-59-86-117-188-203-240-243-537-667-714-739
CALENDÁRiO
07JUL-14OUT2018
- Museu Municipal de Tavira expõe, com Museu Calouste Gulbenkian /
Colecção Moderna, Mulheres
Modernas Na Obra de José de Almada Negreiros
(1893-1970), sendo curadora Mariana Pinto dos Santos.
IMAG.84-135-154-173-224-278-292-305-371-413-498-547-561-579-612-630-633-660-680-704-711-715
24JUL-07OUT2018
- Museu Municipal de Caminha apresenta, com Museu de Arte
Contemporânea de Serralves, Quase
Tudo o Que Sou Capaz -
exposição de pintura, desenho e escultura (1961-1989) de Ângelo de
Sousa (1938-2011), sendo curadora Paula Fernandes.
IMAG.91-349-373-393-604
26JUL-22AGO2018
- Em Lisboa, Sociedade Nacional de Belas-Artes apresenta, na Galeria
Pintor Fernando Azevedo, O
Espaço Onde Todos Cabem -
exposição de pintura de Ana Ruepp.
1923-01AGO2018
- Maria Celeste Rebordão Rodrigues, aliás Celeste Rodrigues:
Fadista portuguesa, irmã de Amália Rodrigues - «Nunca se meteu na
minha carreira artística, felizmente. Se não, eu tinha desistido.
Canto à minha maneira, canto as minhas cantiguinhas. Como eu sinto.
Nunca a imitei. Tentei fugir à maneira de ela cantar… Há tantos
alfaiates. Eu não tinha de ser como ela».
07AGO-04SET2018
- Em Lisboa, Instituto Cultural Romeno expõe Manifesto
de Mihai Ţopescu (Roménia).
PARLATÓRiO
Sermões
A
escolha é obra da graça, como diz o Apóstolo: «No tempo presente
subsiste um resto, por causa da escolha da graça». E acrescenta:
«Se isto foi pela graça, não foi pelas obras; de outra sorte, a
graça já não seria graça».
Ouve-me,
ó ingrato, ouve-me! «Não fostes vós que me escolhestes, mas eu
que vos escolhi». Não tens razão para dizer: fui escolhido porque
já acreditava. Se acreditavas nele, já o tinhas escolhido. Mas
ouve: «Não fostes vós que me escolhestes». Não tens razão para
dizer: antes de acreditar, já realizava boas acções, e por isso
fui escolhido. Se o Apóstolo diz: «O que não procede da fé é
pecado», que obras boas podem existir anteriores à fé? Ao ouvir
dizer: «Não fostes vós que me escolhestes», que devemos pensar?
Que éramos maus e fomos escolhidos para nos tornarmos bons, pela
graça de quem nos escolheu. A graça não teria razão de ser, se os
méritos a precedessem. Mas a graça é graça. Não encontrou
méritos, foi a causa dos méritos. Vede, caríssimos, como o Senhor
não escolhe os bons, mas escolhe para fazer bons.
«Eu
vos escolhi e vos constituí para que vades e produzais frutos, e o
vosso fruto permaneça».
Santo
Agostinho
-
Comentários ao Evangelho de
São João
PARLATÓRiO
Quando
eu era mais jovem, a arte era uma coisa solitária. Sem galerias,
nenhum coleccionador, nenhum crítico. Nenhum dinheiro. Entretanto,
foi uma época de ouro. Pois não tínhamos nada a perder, e sim um
sonho para realizar. Hoje, não é a mesma coisa. É uma época de
muita conversa, de actividade, de consumismo. O que é melhor para a
sociedade como um todo, não me aventuro a conjecturar. Mas eu sei
que muitos dos que são induzidos neste tipo de vida estão,
desesperadamente, em busca daqueles momentos de tranquilidade, nos
quais nos podemos refazer e crescer. Devemos todos ter esperança de
encontrá-los.
Mark
Rothko
ANUÁRiO
354-430
- Aurélio Agostinho, dito de Hipona, aliás Santo Agostinho:
Escritor, filósofo, teólogo e bispo latino - «A esperança tem
duas filhas lindas, a indignação e a coragem; a indignação
ensina-nos a não aceitar as coisas como estão; a coragem,
esclarece-nos sobre o modo de as mudar». IMAG.19-34-116-227-282-481
MEMÓRiA
FEV1630-1684
- Josefa de Ayala Cabrera Figueira, aliás Josefa de Óbidos: Pintora
portuguesa barroca, nascida em Espanha e consagrada pelos trabalhos
de inspiração religiosa e pelas naturezas-mortas; raro exemplo de
mulher que, à sua época, exercia o ofício, assinava e datava os
seus quadros - que «traduzem a decepção de quem esperava muito
mais e não achou… Não tivesse a artista tanto nome e os pareceres
dos críticos seriam mais benévolos, pois sua pintura, embora sem
nada excepcional, possui relativo interesse» (Fernando de Pamplona).
IMAG.264-475-567
1903-25FEV1970
- Markus Rothkowitz, aliás Mark
Rothko: Pintor russo, naturalizado americano - «Um quadro ganha
vida, na presença do espectador que for sensível, e cuja
consciência lhe atribui uma outra dimensão e amplitude».
IMAG.269-436
29FEV1920-2016
- Simone Renée Roussel, aliás Michèle Morgan: Actriz francesa de
teatro, cinema e televisão - «Espanta-me como os seus olhos se
podem tornar duros, a sua boca insolente e a sua voz cruel» (Robert
Chazal - 1957). IMAG.655
BREVIÁRiO
Dom
Quixote edita Manuel Maria Barbosa du Bocage
[1765-1805] - Antologia de
Poesia Erótica; organização
de Fernando Pinto do Amaral.
IMAG.42-43-50-69-103-151-308-327-543-581-583-587-639
GALERiA
A
exposição Mulheres Modernas
Na Obra de José de Almada Negreiros
reúne 55 desenhos e pinturas – a maioria pertencente ao
acervo da Colecção Moderna do Museu Calouste Gulbenkian –, assim
como excertos da obra literária do artista e textos publicados nos
jornais e revistas da época.
A
mulher moderna emancipada está presente na produção artística de
Almada: na moda dos anos vinte ou através da representação de
mulheres fumadoras, sedutoras, rebeldes, artistas, cantoras,
bailarinas, atrizes, desportistas ou acrobatas. No entanto,
ainda subiste o olhar masculino e voyeur que
dominou a história da arte, tornou o corpo feminino em objeto e fez
dele parte substancial da sua tradição.
A
figuração feminina enquanto força de trabalho também é evocada
através da representação de mulheres do mar, cuja expressão
endurecida e sofrida anuncia preocupações realistas, presentes na
obra plástica de Almada dos anos trinta.
Manifesto
Ao longo de 2017, Mihai Ţopescu desenvolveu, na localidade de Poienari, Roménia, um projecto de land art intitulado Paradise Forest, e que constou da coloração de uma floresta para que o espetador se deparasse com um espetáculo inédito, que fizesse soar um sinal de alarme em relação à poluição ambiental, desmatamento e necessidade de proteger a natureza.
«A
floresta está encarnada! O artista enche-nos com todos os seus
sentimentos, enquanto a natureza, a partir da qual Mihai Ţopescu
cria a sua realidade, nos chama para o seu templo. Aqui, no templo
cheio de colunas coloridas, subimos no silêncio de um dia de
descanso imaculado», comentou o crítico Adrian Buga.
O
projeto de land art foi
transposto para uma escultura-objeto-instalação, em jeito de
Manifesto.
Segundo
Mihai Țopescu,
«é uma luta pessoal com os meus semelhantes. Pretendo fazê-los
perceber que, mal pomos o pé num sítio, destruímo-lo. Enquanto
artista, não posso sair à rua e manifestar-me de uma forma
clássica, mas tento fazê-lo através de símbolos».
EXTRAORDINÁRiO
OS
SOBRENATURAIS - Folhetim Aperiódico
A
MELANCOLIA FIXA DO CONTROLADOR DE ONDAS -
9
Ali,
Damião de Magalhães foi então surpreendido por uma populaça que,
aos morras e vivas, se acotovelava entre a língua das águas e uma
edificação monumental. O efémero e o eterno. Do morro descampado,
em transe, que um dia ele conhecera, mantinha-se apenas uma porção
de ervas e árvores, posta à qual aquela turba humana pudesse
restituir um frémito providencial.
– Continua
Sem comentários:
Enviar um comentário