José
de Matos-Cruz | 08 Fevereiro 2020 | Edição Kafre | Ano XVI – Semanal –
Fundado em 2004
PRONTUÁRiO
SUCESSOS
Na
busca de novos géneros com sucesso comercial para o cinema português
- após o termo da guerra mundial, durante a qual culminou o triunfo
da comédia - Fado,
História d’Uma Cantadeira
(1947) é um filme decisivo, assinalando a estreia como realizador de
Perdigão Queiroga (1916-1980). Em formulação pelo melodrama
romântico, eis ritualizada a canção nacional - tendo como
protagonista a sua genuína intérprete, Amália Rodrigues. As
expectativas foram amplamente logradas - com enorme sucesso de
bilheteira, rendendo o público aos amores simples e aos dilemas da
fama, entre figuras típicas dos bairros lisboetas - que ainda se
conservam, na emoção dos espectadores. A responsabilidade da
História
d’Uma Cantadeira
coube por inteiro à Lisboa Filme - com um notável orçamento de
2500 contos, e visando «um espectáculo para todos os portugueses».
A fluidez plástica de Queiroga ressalta com perfeitas transparência
cénica e definição fisionómica. Além da irradiante Amália
Rodrigues, os intérpretes são naturais, aliciantes - sobressaindo
Virgílio Teixeira, pela simplicidade com que desempenha um
caráracter espontâneo, desenvolto. Fado
foi galardoado com o Grande Prémio do Secretariado Nacional da
Informação/SNI, que distinguiu Amália como Melhor Actriz do ano.
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CALENDÁRiO
10JUL-15SET2018
- Em Lisboa, Galeria Cristina Guerra apresenta A
Mão Na Coisa, A Coisa Na Boca, A Boca Na Coisa, A Coisa Na Mão
- exposição de escultura de João Pedro Vale e Nuno Alexandre
Ferreira. IMAG.398
14JUL-15SET2018 - Em Faro, Solar das Pontes de Marchil apresenta 289 | Projecto de Pedro Cabrita Reis - exposição colectiva, sendo curador João Pinharanda. IMAG.405-427-612-676-689-720
21JUL-16SET2018 - Em Matosinhos, Casa da Arquitectura apresenta Still Cabanon - exposição colectiva, organizada por Atelier do Corvo e Otiima ArtWorks, sendo curador José Miguel Pinto.
21JUL-24SET2018 - Em Lisboa, Museu Calouste Gulbenkian apresenta Convidado de Verão: Joaquim Sapinho (curador) - diálogo entre as colecções original (de Calouste Sarkis Gulbenkian - 1869-1955) e póstuma (arte moderna e contemporânea, reunida pela Fundação).
26JUL2018
- NOS Audiovisuais estreia Linhas
de Sangue (2018) de Manuel
Pureza e Sérgio Graciano; com Lourenço Ortigão e Kelly Bailey.
IMAG.407-525-674
28JUL-26AGO2018
- No Centro Cultural de Cascais, Fundação D. Luís I expõe, no
ciclo OitoXOito,
Plasticidade: Do Território à
Ecologia de Tatiana Silva.
28JUL-30SET2018
- No Crato, Mosteiro de Santa Maria de Flor da Rosa apresenta
Imaculada
- instalação e exposição de fotografia de José M. Rodrigues.
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VISTORiA
Advertência:
Se
este discurso parece demasiadamente longo para ser lido de uma só
vez, podemos dividi-lo em seis partes. Na primeira, encontraremos
diversas considerações sobre as ciências. Na segunda, as
principais regras do método procuradas pelo autor. Na terceira,
algumas regras sobre a moral tiradas do método. Na quarta, as razões
pelas quais ele prova a existência de Deus e da alma humana, que são
os fundamentos da metafísica. Na quinta, ele procurou ordenar
questões sobre a física, especialmente a explicação do movimento
do coração e de algumas outras dificuldades relativas à medicina,
bem como a diferença que existe entre a nossa alma e as dos animais.
Por último, quais as coisas que não existem e que o autor julga
necessárias para se avançar na pesquisa da natureza, e as razões
que o levaram a escrevê-las.
René
Descartes
-
O Discurso do Método
MEMÓRiA
1826-08FEV1860
- António Augusto Soares de Passos, aliás Soares de Passos: Poeta
português, expoente do Ultra-Romantismo - «Vês este peito? Reina a
morte aqui… / É já sem forças, ai de mim, gelado, / Mas inda
pulsa com amor por ti.» (O
Noivado do Sepulcro -
excerto). IMAG.75-244
08FEV1960-2015
- Nuno Jorge Lopes de Melo
Cardoso, aliás Nuno Melo: Actor
português de teatro, cinema e televisão - «Era
um actor fora da norma, diferente dos actores que há em Portugal»
(Jorge Silva Melo). IMAG.189-381-573
10FEV1890-30MAI1960
- Boris Leonidovitch Pasternak, aliás Boris Pasternak: Poeta e
ficcionista russo, Prémio Nobel da Literatura em 1958 - «As
revoluções duram semanas, anos; depois, durante
decénios e séculos, adora-se, como algo de sagrado, esse espírito
de mediocridade que as suscitou».
IMAG.102-199-262-320-418
10FEV1910-1994
- Jorge Brum do Canto: Actor e realizador do cinema português - «De
maneira nenhuma estou disposto a alinhar nos maus hábitos do cinema
nacional, em que normalmente as coisas se passam assim: aparece um
sujeito que fez ou arranjou uma história,
e procura afanosamente um capitalista,
para explorar a negociata».
IMAG.74-90-94-115-126-131-136-154-170-178-192-223-262-454-572
1596-11FEV1650
- René Descartes: Filósofo e matemático francês, autor de O
Discurso do Método - «As
maiores almas são tão capazes dos maiores vícios como das maiores
virtudes, e os que avançam muito lentamente são capazes de obter
maiores vantagens, se seguirem sempre o caminho recto, do que aqueles
que correm muito, mas se afastam desse caminho.».
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1922-12FEV2000
- Charles Monroe Schulz: Artista americano de quadradinhos, autor de
Peanuts
- «Pode estar para além da compreensão humana que alguém nascesse
para ser autor de banda desenhada… Mas, desde que me conheço, essa
foi sempre a minha ambição».
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13FEV1740-1802
- Madeleine-Sophie Arnould, aliás Sophie Arnould: Cantora de ópera,
soprano francesa - «A maior parte das mulheres galantes entrega-se a
Deus, quando o Diabo já não as pretende». IMAG.391
VISTORiA
Ser
Famoso…
Ser
famoso não é bonito.
Não nos torna mais criativos.
São dispensáveis os arquivos.
Um manuscrito é só um escrito.
Não nos torna mais criativos.
São dispensáveis os arquivos.
Um manuscrito é só um escrito.
O fim da arte é doar somente.
Não são os louros nem as loas.
Constrange a nós, pobres pessoas,
Estar na boca de toda a gente.
Cumpre viver sem impostura.
Viver até aos últimos passos.
Aprender a amar os espaços
E a ouvir o som da voz futura.
Convém deixar brancos à beira
Não do papel, mas do destino,
E nesses vãos tornar inscritos
Capítulos da vida inteira.
Apagar-se no anonimato,
Ocultando a nossa passagem
Pela vida, como a paisagem
Oculta a nuvem com recato.
Alguns seguirão, passo a passo,
As pegadas do teu passar,
Mas tu não deves separar
O teu sucesso do teu fracasso.
Não deves renunciar a um mínimo
Pedaço do teu ser,
Só estar vivo e permanecer
Vivo, e viver até o fim.
Boris
Pasternak
COMENTÁRiO
O
ESTILO BRUM DO CANTO
Crítico
de cinema n’O Século -
a primeira crónica na secção O
Século Cinegráfico foi
sobre Moana,
de Robert Flaherty - e depois no Cinéfilo,
Jorge Brum do Canto, influenciado pela vanguarda francesa, não
resistiu ao apelo da produção cinematográfica. A
Dança dos Paroxismos, a sua
primeira experiência começou a ser rodada em Dezembro de 1929, e
para além da direcção, Canto foi autor do argumento e dos décors
e ainda intérprete principal. Trata-se de um ensaio visual,
expressamente dedicado a Marcel l’Herbier.
Revelando
as suas intenções, e até o seu posicionamento face à arte
cinematográfica, nesse momento de viragem, Jorge Brum do Canto
asseverou então que «Este meu primeiro passo, nos domínios
tentadores mas perigosos, do cinematógrafo, não é um filme
vanguardista,
como impropriamente o poderiam intitular, à semelhança do que
costuma suceder com qualquer obra que possua certa ousadia - ou certo
pretensiosismo… -, quer assente sobre uma base arrojada, quer
desenvolva um estilo menos comum. Pondo de parte o subjectivismo
fácil, pretendo apenas, neste ensaio, nesta dança visual, reunir,
em um só bloco, o máximo, o paroxismo das actuais possibilidades
objectivas do cinema, em que já de si são paroxismos».
Mas
depois de concluído e de ter sido exibido numa sessão particular,
para um reduzido número de pessoas, no Central, em Novembro de 1930,
Brum do Canto decidiu mantê-lo inédito para o público em geral. Só
em Outubro de 1984, num ciclo dedicado à sua obra na Cinemateca
Portuguesa, foi de novo possível ver esta obra de cariz único no
cinema nacional.
Apesar
daquela decisão, do foro pessoal, Brum do Canto não desistiu da
actividade cinematográfica, começando as filmagens de Paisagem,
um filme de ficção sobre a emigração clandestina, nas zonas
rurais. Brum do Canto deslocou-se à região de Pessegueiro do Vouga,
onde rodou várias sequências. No entanto, o investimento claudicou
e o filme ficaria incompleto, embora o material fosse integrado em
João Ratão (1940).
PARLATÓRiO
O
coração de uma mulher bonita é uma rosa, da qual cada amante tira
uma pétala… Não tarda que, para o marido, fiquem apenas os
espinhos.
Sophie
Arnould
Flávio
C. Almeida edita Um Só,
livro de banda desenhada de que também é autor.
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