segunda-feira, novembro 05, 2018

IMAGINÁRiO #742

José de Matos-Cruz | 08 Fevereiro 2020 | Edição Kafre | Ano XVI – Semanal – Fundado em 2004

PRONTUÁRiO

SUCESSOS
Na busca de novos géneros com sucesso comercial para o cinema português - após o termo da guerra mundial, durante a qual culminou o triunfo da comédia - Fado, História d’Uma Cantadeira (1947) é um filme decisivo, assinalando a estreia como realizador de Perdigão Queiroga (1916-1980). Em formulação pelo melodrama romântico, eis ritualizada a canção nacional - tendo como protagonista a sua genuína intérprete, Amália Rodrigues. As expectativas foram amplamente logradas - com enorme sucesso de bilheteira, rendendo o público aos amores simples e aos dilemas da fama, entre figuras típicas dos bairros lisboetas - que ainda se conservam, na emoção dos espectadores. A responsabilidade da História d’Uma Cantadeira coube por inteiro à Lisboa Filme - com um notável orçamento de 2500 contos, e visando «um espectáculo para todos os portugueses». A fluidez plástica de Queiroga ressalta com perfeitas transparência cénica e definição fisionómica. Além da irradiante Amália Rodrigues, os intérpretes são naturais, aliciantes - sobressaindo Virgílio Teixeira, pela simplicidade com que desempenha um caráracter espontâneo, desenvolto. Fado foi galardoado com o Grande Prémio do Secretariado Nacional da Informação/SNI, que distinguiu Amália como Melhor Actriz do ano.
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CALENDÁRiO

10JUL-15SET2018 - Em Lisboa, Galeria Cristina Guerra apresenta A Mão Na Coisa, A Coisa Na Boca, A Boca Na Coisa, A Coisa Na Mão - exposição de escultura de João Pedro Vale e Nuno Alexandre Ferreira. IMAG.398

14JUL-15SET2018 - Em Faro, Solar das Pontes de Marchil apresenta
289 | Projecto de Pedro Cabrita Reis - exposição colectiva, sendo curador João Pinharanda. IMAG.405-427-612-676-689-720

21JUL-16SET2018 - Em Matosinhos, Casa da Arquitectura apresenta
Still Cabanon - exposição colectiva, organizada por Atelier do Corvo e Otiima ArtWorks, sendo curador José Miguel Pinto.

21JUL-24SET2018 - Em Lisboa, Museu Calouste Gulbenkian apresenta
Convidado de Verão: Joaquim Sapinho (curador) - diálogo entre as colecções original (de Calouste Sarkis Gulbenkian - 1869-1955) e póstuma (arte moderna e contemporânea, reunida pela Fundação).

26JUL2018 - NOS Audiovisuais estreia Linhas de Sangue (2018) de Manuel Pureza e Sérgio Graciano; com Lourenço Ortigão e Kelly Bailey. IMAG.407-525-674

28JUL-26AGO2018 - No Centro Cultural de Cascais, Fundação D. Luís I expõe, no ciclo OitoXOito, Plasticidade: Do Território à Ecologia de Tatiana Silva.

28JUL-30SET2018 - No Crato, Mosteiro de Santa Maria de Flor da Rosa apresenta Imaculada - instalação e exposição de fotografia de José M. Rodrigues. IMAG.667-682-685

VISTORiA

Advertência:
Se este discurso parece demasiadamente longo para ser lido de uma só vez, podemos dividi-lo em seis partes. Na primeira, encontraremos diversas considerações sobre as ciências. Na segunda, as principais regras do método procuradas pelo autor. Na terceira, algumas regras sobre a moral tiradas do método. Na quarta, as razões pelas quais ele prova a existência de Deus e da alma humana, que são os fundamentos da metafísica. Na quinta, ele procurou ordenar questões sobre a física, especialmente a explicação do movimento do coração e de algumas outras dificuldades relativas à medicina, bem como a diferença que existe entre a nossa alma e as dos animais. Por último, quais as coisas que não existem e que o autor julga necessárias para se avançar na pesquisa da natureza, e as razões que o levaram a escrevê-las.
René Descartes
- O Discurso do Método
MEMÓRiA

1826-08FEV1860 - António Augusto Soares de Passos, aliás Soares de Passos: Poeta português, expoente do Ultra-Romantismo - «Vês este peito? Reina a morte aqui… / É já sem forças, ai de mim, gelado, / Mas inda pulsa com amor por ti.» (O Noivado do Sepulcro - excerto). IMAG.75-244

08FEV1960-2015 - Nuno Jorge Lopes de Melo Cardoso, aliás Nuno Melo: Actor português de teatro, cinema e televisão - «Era um actor fora da norma, diferente dos actores que há em Portugal» (Jorge Silva Melo). IMAG.189-381-573

10FEV1890-30MAI1960 - Boris Leonidovitch Pasternak, aliás Boris Pasternak: Poeta e ficcionista russo, Prémio Nobel da Literatura em 1958 - «As revoluções duram semanas, anos; depois, durante decénios e séculos, adora-se, como algo de sagrado, esse espírito de mediocridade que as suscitou». IMAG.102-199-262-320-418

10FEV1910-1994 - Jorge Brum do Canto: Actor e realizador do cinema português - «De maneira nenhuma estou disposto a alinhar nos maus hábitos do cinema nacional, em que normalmente as coisas se passam assim: aparece um sujeito que fez ou arranjou uma história, e procura afanosamente um capitalista, para explorar a negociata».  
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1596-11FEV1650 - René Descartes: Filósofo e matemático francês, autor de O Discurso do Método - «As maiores almas são tão capazes dos maiores vícios como das maiores virtudes, e os que avançam muito lentamente são capazes de obter maiores vantagens, se seguirem sempre o caminho recto, do que aqueles que correm muito, mas se afastam desse caminho.». IMAG.80-262-342-556-581

1922-12FEV2000 - Charles Monroe Schulz: Artista americano de quadradinhos, autor de Peanuts - «Pode estar para além da compreensão humana que alguém nascesse para ser autor de banda desenhada… Mas, desde que me conheço, essa foi sempre a minha ambição».  
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13FEV1740-1802 - Madeleine-Sophie Arnould, aliás Sophie Arnould: Cantora de ópera, soprano francesa - «A maior parte das mulheres galantes entrega-se a Deus, quando o Diabo já não as pretende». IMAG.391

VISTORiA

Ser Famoso…
Ser famoso não é bonito.
Não nos torna mais criativos.
São dispensáveis os arquivos.
Um manuscrito é só um escrito.

O fim da arte é doar somente.
Não são os louros nem as loas.
Constrange a nós, pobres pessoas,
Estar na boca de toda a gente.

Cumpre viver sem impostura.
Viver até aos últimos passos.
Aprender a amar os espaços
E a ouvir o som da voz futura.

Convém deixar brancos à beira
Não do papel, mas do destino,
E nesses vãos tornar inscritos
Capítulos da vida inteira.

Apagar-se no anonimato,
Ocultando a nossa passagem
Pela vida, como a paisagem
Oculta a nuvem com recato.

Alguns seguirão, passo a passo,
As pegadas do teu passar,
Mas tu não deves separar
O teu sucesso do teu fracasso.

Não deves renunciar a um mínimo
Pedaço do teu ser,
Só estar vivo e permanecer
Vivo, e viver até o fim.
Boris Pasternak

COMENTÁRiO

O ESTILO BRUM DO CANTO
Crítico de cinema n’O Século - a primeira crónica na secção O Século Cinegráfico foi sobre Moana, de Robert Flaherty - e depois no Cinéfilo, Jorge Brum do Canto, influenciado pela vanguarda francesa, não resistiu ao apelo da produção cinematográfica. A Dança dos Paroxismos, a sua primeira experiência começou a ser rodada em Dezembro de 1929, e para além da direcção, Canto foi autor do argumento e dos décors e ainda intérprete principal. Trata-se de um ensaio visual, expressamente dedicado a Marcel l’Herbier.
Revelando as suas intenções, e até o seu posicionamento face à arte cinematográfica, nesse momento de viragem, Jorge Brum do Canto asseverou então que «Este meu primeiro passo, nos domínios tentadores mas perigosos, do cinematógrafo, não é um filme vanguardista, como impropriamente o poderiam intitular, à semelhança do que costuma suceder com qualquer obra que possua certa ousadia - ou certo pretensiosismo… -, quer assente sobre uma base arrojada, quer desenvolva um estilo menos comum. Pondo de parte o subjectivismo fácil, pretendo apenas, neste ensaio, nesta dança visual, reunir, em um só bloco, o máximo, o paroxismo das actuais possibilidades objectivas do cinema, em que já de si são paroxismos».
Mas depois de concluído e de ter sido exibido numa sessão particular, para um reduzido número de pessoas, no Central, em Novembro de 1930, Brum do Canto decidiu mantê-lo inédito para o público em geral. Só em Outubro de 1984, num ciclo dedicado à sua obra na Cinemateca Portuguesa, foi de novo possível ver esta obra de cariz único no cinema nacional.
Apesar daquela decisão, do foro pessoal, Brum do Canto não desistiu da actividade cinematográfica, começando as filmagens de Paisagem, um filme de ficção sobre a emigração clandestina, nas zonas rurais. Brum do Canto deslocou-se à região de Pessegueiro do Vouga, onde rodou várias sequências. No entanto, o investimento claudicou e o filme ficaria incompleto, embora o material fosse integrado em João Ratão (1940).

PARLATÓRiO

O coração de uma mulher bonita é uma rosa, da qual cada amante tira uma pétala… Não tarda que, para o marido, fiquem apenas os espinhos.
Sophie Arnould

BREVIÁRiO

Flávio C. Almeida edita Um Só, livro de banda desenhada de que também é autor.
 

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