PRONTUÁRiO
ESPIONAGENS
Durante
décadas, a divisão do mundo em dois grandes blocos - os países do
leste, as democracias ocidentais - favoreceu e consolidou o
privilégio das agências de espionagem, com um poder quase
ilimitado. O termo da Guerra Fria tornou mais sofisticada a
respectiva intervenção, pelas margens da impunidade. A queda do
Muro de Berlim, as roturas na Cortina de Ferro, a dissolução da
União Soviética, alteraram profundamente o xadrez político
internacional. Mesmo nos Estados Unidos, o estatuto e as dotações
orçamentais dos serviços secretos passaram a suscitar uma
importante controvérsia. Alguns dos seus responsáveis parecem
inconformados com tal situação - enquanto os principais desafios
resultam, sobretudo, de chantagens subversivas, do tráfico de armas
ou de drogas…
Foi
neste panorama que em 1996, do pequeno ao grande ecrã, se precipitou
uma excitante Missão:
Impossível,
pelo veterano Brian
DePalma
- dando origem a um novo fenómeno sequencial, e que já cinematizara
outra popular série televisiva, Os
Intocáveis
(1987). Tom
Cruise
protagonizou o novo herói de Missão:
Impossível
- Ethan Hunt, um agente hábil e corajoso, acusado de corrupção e
perseguido pela própria Impossible Mission Force. Tudo, porque só
ele terá sobrevivido a uma operação forjada - para revelar um
traidor infiltrado na organização. Acossado, recorrendo a processos
de risco extremo, Hunt decide então resgatar a honra pessoal e
desmascarar o inimigo - afinal o seu tutor, mítico e sacrificado
comandante Jim Phelps! IMAG.101-134-452
CALENDÁRiO
28OUT2017-04FEV2018
- Em Lisboa, Atelier-Museu Júlio Pomar expõe Tawapayera
de Júlio Pomar, Tiago Alexandre, Igor Jesus e Dealmeida Esilva,
sendo curador SinopseAlexandre
Melo.
IMAG.19-312-449-495-505-534-552-553-562-582-596-604-610-620-631-635-646-652-676
06JAN-27FEV2018
- Em Lisboa, Galeria Diferença apresenta Gardens
- exposição de desenho de Luís Silveirinha.
11JAN-10MAR2018
- Em Lisboa, Galeria Filomena Soares apresenta Unbuilt
Memories
- exposição de escultura, fotografia e vídeo de Didier Fiúza
Faustino.
13JAN-24FEV2018
- Em Oeiras, Livraria-Galeria Verney apresenta Mythos
da Mesopotâmia - exposição
de pintura de Hugo Claro.
18JAN-04MAR2018
- Em Lisboa, Fundação Arpad Szènes-Vieira da Silva apresenta Obra
Prima - exposição de
fotografia de Matthias Schaller.
VISTORiA
Passara
o tempo. Todavia, não passava ele de modo diferente para cada um,
seguindo atalhos diversos? Como um rio, o tempo para o homem às
vezes escoa-se rapidamente, às vezes segue em ritmos mais lentos.
Acontecia também nem sempre se escoar, mas permanecer ali a
estagnar-se. Se o tempo cósmico se escoa à mesma velocidade para
todos os homens, o tempo humano, este varia conforme cada um. O tempo
escoa-se de modo semelhante para todos os seres humanos, mas cada
homem move-se dentro dele de acordo com um ritmo que lhe é próprio.
Yasunari
Kawabata
-
Beleza e Tristeza
(excerto)
Passámos
da máquina mediática de concessões, controlada pelo Estado directa
ou indirectamente, para a máquina mediática do mercado, em que a
lei da oferta e da procura estabelece que os mais poderosos sempre
acabem por controlá-la.
Manuel
Vázquez Montalbán
-
Manifesto do Planeta dos
Macacos (excerto)
MEMÓRiA
1924-08JUN1989
- António Maria de Matos, aliás Tony de Matos: Cantor e actor
português - «Cantou em quatro continentes, a sua voz está
implantada em milhares de discos, o rosto surgiu na tela grande, a
presença firmou-se na retina de quem o aplaude no teatro ou na
televisão, quem o escuta nas mais diversas horas do dia penetrando
em nossos lares.» (Antena -
1967). IMAG.483
1908-10JUN1979
- Joaquim
Belford Correia da Silva, aliás Joaquim
Paço d’Arcos: Ficcionista, poeta e ensaísta português -
«Escrever
é projectar-se além da Vida, / É vencer a Morte. / Um dia esta
virá, de surpresa, ou tardia, / Mas uma coisa não levará, não
reduzirá a cinzas, / E sobre ela a sua álgida mão não terá
poder.» (Escrever
É Vencer a Morte
- excerto).
IMAG.219-230-529-662
1907-11JUN1979
- Marion Michael Morrison, aliás John Wayne: Actor americano - «O
amanhã é o mais importante que temos na vida. Chega, sempre, à
meia-noite. É puro e perfeito, ao confiar-se em nossas mãos. E traz
a esperança de que tenhamos aprendido algo no dia de ontem».
IMAG.23-56-85-114-132-230-362-596-612
1924-13JUN2009
- Irisalva Moita: Arqueóloga portuguesa, historiadora, museóloga,
olissipógrafa, membro da Academia Nacional de Belas Artes, pioneira
de escavações em contexto urbano, realizadas no Teatro Romano de
Lisboa, Hospital Real de Todos-os-Santos ou Necrópole Romana na
Praça da Figueira, responsável por exposições de referência como
O Culto de Sto. António, Na
Região de Lisboa, Lisboa
e o Marquês de Pombal,
Lisboa Quinhentista. A Imagem
e a Vida Na Cidade e Faianças
de Rafael Bordalo Pinheiro.
IMAG.256-466
14JUN1899-1972
- Yasunari Kawabata: Escritor japonês, distinguido Prémio Nobel da
Literatura em 1968 - «A cameleira, quatro vezes centenária, exibia
a esplêndida profusão das suas flores. Os raios do sol poente eram
como que aspirados pelo interior da árvore, de tal forma que parecia
reinar dentro daquela massa de flores uma quente exalação. Embora
não houvesse um vento por aí além, a extremidade dos ramos
floridos abanava docemente.» (A Casa
das Belas Adormecidas -
excerto). IMAG.285-366-668
14JUN1939-2003
- Manuel Vázquez Montalbán: Escritor espanhol - «Por vezes,
costumo autoclassificar-me de conservador, porque não corrigi a
minha visão do mundo desde que fiz cinquenta anos, tendo então
decidido que já era responsável pela minha cara.» (Marcos:
O Senhor dos Espelhos
- excerto). IMAG.440
15JUN1949-2014
- Jorge Faustino Fallorca Gaspar, aliás Jorge Fallorca: Poeta e
tradutor português, jornalista e radialista - «Contaram-me que as
letras descansam de lado, nas páginas macias dos livros antigos. /
Outros afirmam-me que os textos mudam ao sabor das edições, e que
nenhuma se compara / à que se leu primeiro.» (Telhados
de Vidro - excerto).
IMAG.411-507
VISTORiA
Numa
tarde de Julho de 1926 atravessava as florestas de Cheringona, no
território da Companhia de Moçambique, um expresso de uma só
carruagem da Trans-Zambézia Railway.
Regressava
da Zambézia à Beira o governador do Território. Acompanhavam-no,
além dos seus ajudantes, o autor destas linhas e uma pessoa estranha
à comitiva: Carlos Sobral.
Carlos
Sobral era ao tempo director em África da «Mozambique Industrial &
Commercial Coy. Ltd.», um desdobramento, para fins comerciais, da
Companhia de Moçambique.
Naquele
pequeno salão da carruagem de caminho-de-ferro conversaram durante
longas horas da monótona viagem, esses dois homens, tão profunda e
apaixonadamente portugueses, que o destino por ironia, mas por útil
ironia, colocara a dirigir interesses que meses mais tarde se haviam
de patentear tão opostos aos nacionais.
Eram
homens de diferentes idades: o governador aproximava-se dos
cinquenta, Carlos Sobral andaria pelos trinta.
Mourejando
por terras onde frequentemente o português se avilta, adoptando os
hábitos de indolência a que o clima convida, os usos mesquinhos
próprios dos meios pequenos, esses dois homens, ao contrário,
mantinham íntegras em si as melhores qualidades da raça. Eram dois
verdadeiros portugueses.
Carlos
Sobral estava em conflito aberto com os dirigentes londrinos da
companhia que superintendia em África. Admitia como muito provável
a hipótese de repudiar a situação em que trabalhava. Era um lugar
magnífico, e muitos outros homens, em circunstâncias idênticas,
transigiriam em tudo para não perder a situação que usufruíam.
Ele não transigia em nada e ao perguntarem-lhe o que iria fazer no
caso de se encontrar desempregado, respondia tranquilo, cheio de
confiança e de optimismo: trabalhar. E já se expandia por todo um
projecto de se dedicar à cultura do solo, à criação de gado, na
vida rude e fatigante do mato, que ele tanto amava.
É
preciso conhecer certos territórios de África e a eterna
dependência em que o português ali vive do Estado ou das grandes
companhias, alheado por completo das qualidades de iniciativa que
fazem dele um elemento tão útil no Brasil, é preciso conhecer
aqueles meios de parasitagem e de covardia, para admirar em todo o
seu valor a serena confiança com que Carlos Sobral, por ser
português de «antes quebrar que torcer», trocava uma cómoda e
rendosa situação pela tão mais humilde e ingrata profissão de
pequeno agricultor.
Nessa
tarde – curiosa coincidência do acaso! – esses mesmos homens
perante cuja arrogância Sobral não cedia, assinavam em Londres o
terceiro e último contrato sobre o porto da Beira. Meses decorridos,
por uma triste e dolorosa fatalidade, Carlos Sobral morria na
Zambézia, vítima de si próprio, da sua coragem magnífica.
Alguns
dias depois do seu falecimento chegavam à Beira, para conhecimento
do governador, e para serem executados, os contratos do porto.
O governador não os executou. Era a vez dele, agora, num assunto de muito maior gravidade, assumir a atitude para a qual, meses atrás, serenamente, dignamente, Carlos Sobral se encaminhava.
O governador não os executou. Era a vez dele, agora, num assunto de muito maior gravidade, assumir a atitude para a qual, meses atrás, serenamente, dignamente, Carlos Sobral se encaminhava.
Joaquim
Paço d’Arcos
-
Herói Derradeiro (Introdução
- excerto)
BREVIÁRiO
Saída
de Emergência edita Terrarium
de João Barreiros e Luís
Filipe Silva. IMAG.435-455-478
Relógio
D’Água edita Roma de
Nikolai Gógol (1809-1852);
tradução de Nina Guerra e Filipe Guerra.
IMAG.118-219-223-361-474-593-637-699
Douda
Correria edita Nada Natural de
Gary Snyder; tradução de Nuno Marques e Margarida Vale de Gato.
Companhia
das Letras edita A Rosa do
Povo de Carlos Drummond de
Andrade (1902-1987). IMAG.79-384-392-543-623
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