PRONTUÁRiO
EVOLUÇÕES
O
cinema de animação americano recuperará, alguma vez, o
empolgamento, a magia e o maravilhoso que atingiu, por final dos anos
’30 do século passado, com os Estúdios de Walt Disney? Trata-se
duma questão aparentemente imponderável - pois o progresso
tecnológico, e uma contínua mutação dos requisitos artísticos,
abriram excepcionais expectativas à exploração de temas
apaixonantes - como fez história Toy
Story - Os Rivais
(1995) de John
Lasseter,
primeira animação longa sob o signo Disney, integralmente gerada
por computador. Ao prodígio electrónico correspondia o fascínio
aventuresco - pela mística dos heróis, em crise num imaginário
trepidante e inteligente, emocionante e divertido. Suscitando uma
serialização de Toy
Story,
que consolidou a aliança entre a Disney e a Pixar - pela qual se
exploram todas as virtualidades da sofisticação em CGI, e
respectivas vanguardas estéticas: uma fusão visionária entre a
pesquisa tridimensional, e os efeitos qualitativos de textura,
detalhe, luz e cor. Atributos em que a Pixar foi pioneira, com Os
Rivais
- e é justo realçar o aval de Thomas Schumacher, outro nome
determinante na Disney, para superar os meios tradicionais de
execução no vínculo apelativo ao artifício/artesanato.
Justamente, Toy
Story - Os Rivais
valeu a Lasseter um Oscar especial, pelo contributo para o êxito da
indústria, no domínio animatográfico. IMAG.80
CALENDÁRiO
26OUT-30DEZ2017
- Em Lisboa, Arquivo Fotográfico Municipal expõe [Ante]Câmara
- Elenco, Retrato e Cenas Teatrais.
23DEZ2017-15FEV2018
- Em Lamego, Zona - Residências Artísticas apresenta, por
iniciativa ZigurArtists, Depósito
de Uma Natureza Activa -
exposição visual de João Pedro Fonseca.
VISTORiA
Levem-me
Levem-me
numa caravela,
Numa velha e doce caravela,
Na proa, ou se quiserem, na espuma,
E me percam, longe, longe.
No elo de uma outra era,
No veludo ilusório da neve,
No fôlego de alguns cães reunidos,
Na multidão de cansadas folhas mortas.
Levem-me sem me quebrar, nos beijos,
Nos peitos que se erguem e respiram,
Sobre os tapetes das palmas e seu sorriso,
Em corredores de longos ossos, e articulações.
Levem-me, ou melhor, enterrem-me.
Numa velha e doce caravela,
Na proa, ou se quiserem, na espuma,
E me percam, longe, longe.
No elo de uma outra era,
No veludo ilusório da neve,
No fôlego de alguns cães reunidos,
Na multidão de cansadas folhas mortas.
Levem-me sem me quebrar, nos beijos,
Nos peitos que se erguem e respiram,
Sobre os tapetes das palmas e seu sorriso,
Em corredores de longos ossos, e articulações.
Levem-me, ou melhor, enterrem-me.
Henri
Michaux
-
Mes Propriétés
(1929)
(Revista
Cisma
- 2014)
Filho
Nicolau,
menino, entra.
Onde estiveste, Nicolau,
que trazes a arrastar
o teu brinquedo morto?
Onde estiveste, Nicolau,
que trazes a arrastar
o teu brinquedo morto?
Nicolau,
menino, entra.
Vem dizer-me onde foi que tu estiveste
e a estrela fugiu das tuas mãos.
Vem dizer-me onde foi que tu estiveste
e a estrela fugiu das tuas mãos.
Tens
comigo o teu catre de lona velha.
Deita-te, Nicolau, o fantasma ficou lá longe.
Deita-te, Nicolau, o fantasma ficou lá longe.
Dorme
sem medo.
Porão, roça, medos imediatos,
tudo ficou lá longe.
Porão, roça, medos imediatos,
tudo ficou lá longe.
Quando
acordares a jornada será mais longa.
Nicolau, menino,
onde foi que deixaste
o corpo que te conheci?
Deus há-de querer que o sono te venha depressa
no meu catre.
Nicolau, menino,
onde foi que deixaste
o corpo que te conheci?
Deus há-de querer que o sono te venha depressa
no meu catre.
Baltazar
Lopes / Osvaldo Alcântara
VISTORiA
É
que nessa noite, sonhou que a Santa Teresinha, sob a forma de uma
menina loira com cabelos encaracolados, lhe dissera: «Porque não
foste ter comigo no último domingo?» E a jovem Santa parecia
exactamente a sua própria filha que imaginara há anos. E ele que
não tinha filha nenhuma! E, no sonho, dizia à Santa Teresinha: «É
assim que falas comigo? Esqueceste-te que sou o teu pai?» A Santa
Teresinha respondia: «Desculpa, pai, mas faz-me um favor e vem ter
comigo depois de amanhã, no domingo, à capela de Ste Marie des
Batignolles».
Joseph
Roth
-
A Lenda do Santo Bebedor
(excerto
- Tradução de Álvaro Gonçalves)
PARLATÓRiO
Creio
que empreendi o caminho correcto - primeiro dediquei-me à
experiência prática, cantando e tocando instrumentos, e só depois
me devotei à composição…
Franz
Joseph Haydn
MEMÓRiA
24MAI1899-1984
- Henri Michaux: Escritor e artista belga, poeta e pintor,
naturalizado francês (1955), autor de Capturar
/ Saisir (1979) - «Com
sinais capturar uma situação, que maravilha! Que transfiguração!».
IMAG.704
25MAI1919-1995
- Fernando Teixeira Curado Ribeiro, aliás Fernando Curado Ribeiro:
Artista português, de cinema, teatro e rádio - «Actores, há
muitos - mas senhores actores, como ele, infelizmente existem poucos.
Era um homem de bom humor, que amava a vida e morreu rapaz» (Varela
Silva). IMAG.44-228-574
1894-27MAI1939
- Moses Joseph Roth, aliás Joseph Roth: Escritor austríaco - «Sim,
ansiava pelo mar, nas profundezas do qual cresciam, ou antes – como
ele pensava – moviam-se os corais. Não havia, em parte alguma,
ninguém com quem pudesse desabafar sobre a sua saudade, tinha de a
trazer fechada dentro de si, tal como o mar abrigava os corais.» (O
Leviatã).
1907-28MAI1989
- Baltazar Lopes da Silva, aliás Osvaldo Alcântara: Poeta,
ficcionista e linguista cabo-verdiano, autor de Chiquinho
(1947) e Os Trabalhos e os
Dias (1987) - «Eu estarei de
mãos postas, à espera do tesouro que me vem na onda do mar… / A
minha principal certeza é o chão em que se amachucam os meus
joelhos doloridos, / mas todos os que vierem me encontrarão agitando
a minha lanterna de todas as cores / na linha de todas as batalhas.»
(Ressaca
- excerto). IMAG.607
1732-31MAI1809
- Franz
Joseph Haydn: Compositor
austríaco - «Sempre ouvi mais do que estudei. Assim, pouco a pouco,
os meus conhecimentos e capacidades foram-se desenvolvendo… Também,
nunca me tornei muito rápido a criar. Sempre escrevi cuidadosa e
meticulosamente».
IMAG.40-219-228-240-269-271-272-273-275-276-282-285-295-296-322-349-364-407-440-472-544-589-605-680
ANUÁRiO
1734-1819
- José Monteiro da Rocha: Matemático e precursor da moderna
astronomia portuguesa, autor de Memória
Sobre a Determinação das Órbitas dos Cometas
(Academia Real das Ciências de Lisboa - 1782) - «Lá fora o [seu]
trabalho nunca chegou a ser conhecido, mas, se o tivesse sido,
poder-se-ia hoje ter também o nome deste português a par do alemão
[Wilhelm] Olbers, como sendo os primeiros inventores de um método
prático para a determinação das órbitas parabólicas dos cometas»
(Fernando Figueiredo - autor de José
Monteiro da Rocha e a Atividade Científica do Observatório
Astronómico e da Faculdade de Matemática de 1772-1820
- Coimbra, 2011). IMAG.462
BREVIÁRiO
Dom
Quixote edita Em Viagem Pela
Europa de Leste de Gabriel
García Márquez (1927-2014); tradução de J. Teixeira de Aguillar.
IMAG.13-224-261-294-391-509-601
Assírio
& Alvim edita Poesia de
Mário Cesariny (1923-2006); organização de Perfecto E. Cuadrado.
IMAG.17-19-20-29-66-123-179-430-442-475-486-505-537-582-587-641-647-657-669-693
Warner
edita em CD e DVD, Fantaisies
de Wolfgang Amadeus Mozart
(1756-1791) e Robert Alexander Schumann (1810-1856) pelo pianista
Piotr Anderszewski.
IMAG.36-55-68-90-102-105-106-118-172-186-194-203-205-216-217-220-227-233-268-277-278-284-285-290-301-317-321-341-342-344-349-365-375-406-418-431-449-458-475-500-503-509-534-547-572-589-597-605-640-666-667-686-688-703
Companhia
das Letras edita Benjamim de
Chico Buarque.
IMAG.74-103-166-258-596
EXTRAORDINÁRiO
OS
HUMANIMAIS - Folhetim Aperiódico
BUÇO
COM LEITE MANCHA O COLETE
- 11
Ali
inquilino eventual, Euzebio Serra susteve-o com um empurrão. O Cunha
reagiu à esquerda, e enviou-lhe uma facada. Com tal força que,
aparando-a o dito Remexido com o braço direito, o ferro lho varou de
lado a lado, até atingir ao peito. Logo, o Cunha foi esconder-se no
Jardim de Santos, entre umas dálias, onde o guarda Número 39 de 3ª
Esquadra lhe deitou a mão.
– Continua
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