PRONTUÁRiO
IMPLICAÇÕES
Popular
herói da escola europeia, Ric
Hochet
participa numa emissão televisiva em directo, quando é contactado
ao telefone por uma vidente. Convicta de que ele cometeu um erro
durante a sua última investigação, vinda a público
em
Bd Meurtres,
a amável
jovem
tenta convencê-lo a procurá-la nas Ardenas, onde reside. Seria uma
questão de vida ou de morte - pois, segundo lhe revela, já em
privado, o presumível culpado ainda fará correr muita tinta! Ora,
de facto, alguns dias mais tarde, o estranho indivíduo evade-se da
prisão, onde estava detido. No mundo restrito dos fanáticos de
quadradinhos, o pânico alastra. E com razão - pois, enquanto na
região se celebra o
sabbat des macrales,
uma tradição folclórica que serviria para ressuscitar os
feiticeiros de outrora, um deles é brutalmente agredido. E Ric
Hochet vê-se, sem querer, envolvido nessa aparente confusão
sobrenatural: será que o suposto assassino, ávido de vingança,
voltou às suas nefandas proezas, disfarçado de
macrale?
Ou tudo não passará de um golpe de publicidade, forjado pela
insinuante interlocutora de Ric Hochet, aproveitando uma tal
mascarada ritual?
Com
argumento de André-Paul
Duchâteau,
para ilustração de Tibet/Gilbert
Gascard
(1931-2010), eis
La
Sorcière… Mal Aimée
(2000), sob chancela Le Lombard.
Celebrando
os cinquenta anos de fidelidade constante de Ric
Hochet à
editora primordial de
bande dessinée
- cuja vocação se instalaria entre várias gerações de leitores,
dos 7 aos 77 anos! IMAG.284-344
CALENDÁRiO
16NOV2017-18MAR2018
- Em Lisboa, Museu Nacional de Arte Antiga / MNAA expõe As
Ilhas do Ouro Branco - Encomenda Artística Na Madeira (Séculos
XV-XVI), sendo curadores
Fernando António Baptista Pereira e Francisco Clode de Sousa.
17NOV2017-13JAN2018
- Em Lisboa, Fundação Carmona e Costa expõe Território
Anagramático de Ana Hatherly
(1929-2015), sendo curador João Silvério.
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1954-21NOV2017
- Fernando Relvas: Artista português de banda desenhada, autor de
Cevadilha Speed (1982)
- Um «percurso nervoso por entre géneros e humores, métodos e
técnicas, veículos de publicação e modos de produção e
circulação [que] servirá de retrato de uma incessante e
intranquila busca pela expressividade própria da banda desenhada»
(Pedro Moura). IMAG.4-284-516-521-658
23NOV2017
- Nitrato Filmes estreia Centro
Histórico (2012) de Manoel
de Oliveira, Pedro Costa, Aki Kaurismaki e Victor Erice; e 3X3D
- Visões
de Guimarães (2012) de Edgar
Pêra, Peter Greenaway e Jean-Luc Godard.
25NOV2017-26JAN2018
- Em Setúbal, Galeria 11 expõe Pinturas
de Lauro Corado (1908-1977).
PARLATÓRiO
Pensamos
demasiado.
Sentimos muito pouco.
Precisamos mais de humildade
Que de máquinas.
Mais de bondade e ternura
Que de inteligência.
Sem isso,
A vida tornar-se-á violenta
Sentimos muito pouco.
Precisamos mais de humildade
Que de máquinas.
Mais de bondade e ternura
Que de inteligência.
Sem isso,
A vida tornar-se-á violenta
E
tudo se perderá.
Charles
Chaplin
Chavela
Vargas
Não
acredito que haja neste mundo um palco suficientemente grande para
ela…
Fez
do abandono e da desolação uma catedral na qual cabíamos todos e
de que saíamos reconciliados com os nossos próprios erros, e
dispostos a continuar a cometê-los.
Pedro
Almodóvar
VISTORiA
Deu-se
conta então de que, se não quisesse passar a vida num estado de
permanente tortura, tinha que apagar da memória a imagem da família
e abandonar-se por inteiro à paixão intensa, quase mórbida, que
lhe inspirava a alegria descontraída de Margot.
Vladimir
Vladimirovich Nabokov - Riso
Na Escuridão
O
passado é um fantasma que não se deve convocar com médiuns ou
invocar com abra essa obra. É na realidade da recordação
um revenant
irreal. Não é preciso pôr as mãos na mesa, palma para baixo, ou
responder aos três toques rituais ou perguntar «Quem está
aí?». O espírito do passado sempre está aí. Um copo d’água e
uma flor amarela bastam. Não é preciso repetir frases encantatórias
ou cast a spell:
todos os mortos estão aí, vivos, exibidos detrás de uma
vidraça negra, uma câmara escura, uma obra de artifício. Os entes
passados vivem porque não morreram para nós. Vivemos porque
eles não morrem. Nós somos os mortos vivos.
É
no passado que vemos o tempo como se fosse o espaço. Tudo fica
longe, na distância em que o passado é uma imensa campina
vertiginosa, como se caíssemos de uma grande altura e o tempo da
queda, a distância, nos tornasse imóveis, como acontece com os
mergulhadores dos penhascos, que vão caindo numa enorme velocidade e
no entanto para eles não se cai nunca. Assim caímos na recordação.
Nada parece ter-se movido, nada mudou porque estamos caindo a uma
velocidade constante e só os que nos veem de fora, vocês leitores,
se dão conta de quanto descemos e a que velocidade. O passado é
essa terra imóvel da qual nos aproximamos com um movimento
uniformemente acelerado, mas o trajeto – tempo no espaço – nos
impede de nos afastar para ter uma visão que não esteja afetada
pela queda – espaço no tempo – voluntária ou involuntária. O
tempo, mesmo detido, dá vertigem, que é uma sensação que só o
espaço pode dar.
O
passado só se faz visível através de um presente fictício – e
no entanto toda ficção perecerá. Não restará então do passado
mais que a memória pessoal, intransferível.
Guillermo
Cabrera Infante
-
A Ninfa Inconstante
(Tradução de Eduardo Brandão)
BREVIÁRiO
Harmonia
Mundi edita em CD, Wolfgang Amadeus Mozart
[1756-1791]: Violin Concertos
por Isabelle Faust, com Il
Giardino Armonico sob a direcção de Giovanni Antonini.
IMAG.36-55-68-90-102-106-118-172-186-205-216-217-220-227-277-284-285-290-317-321-342-349-375-406-431-449-475-500-503-534-547-589-597-640-666-667-688
Bertrand
edita Caderno Diário da
Memória de Mário Augusto.
IMAG.33-139-598-Extra
Asa
edita 4321 de
Paul Auster; tradução de Luís Rodrigues dos Santos.
IMAG.119-124-205-296-508
MEMÓRiA
1805-16ABR1859
- Alexis-Charles-Henri Clérel, Visconde de Tocqueville, aliás
Alexis de Tocqueville: Escritor francês, historiador e pensador
político - «Existem hoje, na terra, dois grandes povos que, a
partir de pontos diferentes, parecem avançar para o mesmo objetivo:
são os russos e os anglo-americanos. Ambos cresceram no escuro e,
quando a atenção da humanidade estava dirigida para outros lugares,
colocaram-se subitamente na linha da frente das nações e, com o
tempo, o mundo descobriu a sua existência e a sua grandeza. Todas as
outras nações quase parecem ter atingido o extremo perante a
natureza, e limitam-se a permanecer, mas aqueles povos continuam a
crescer; todos os outros estão tolhidos ou prosseguem com extrema
dificuldade; eles, porém, avançam sozinhos com facilidade e
rapidez, ao longo de um caminho cujo culminar ainda não é
conhecido». IMAG.50-152-524
16ABR1889-1977
- Charles Spencer Chaplin, aliás Charles Chaplin: Cineasta inglês,
realizador e produtor, actor de teatro e cinema, vulgo Charlot - «Que
os vossos esforços desafiem as impossibilidades… Lembrai-vos de
que as grandes obras do homem foram logradas através do que parecia
impossível».
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17ABR1919-2012
- Isabel Vargas Lizano, aliás Chavela Vargas: Cantora de tradição
ranchera
mexicana, la Llorona,
natural da Costa Rica - «A música não tem fronteiras, mas sim um
final comum: o amor e a rebeldia». IMAG.420
22ABR1899-1977
- Vladimir Vladimirovich Nabokov: Escritor americano de origem russa,
autor de Lolita
(1955) - «Lolita, luz da minha vida, labareda em minha carne. Minha
alma, minha lama. Lo-li-ta: a ponta da língua descendo em três
saltos pelo céu da boca para tropeçar de leve, no terceiro, contra
os dentes. Lo.Li.Ta.».
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22ABR1929-2005
- Guillermo Cabrera Infante: Escritor de origem cubana, radicado em
Inglaterra - «Não
me interessa a impostura literária mas a verdade que se diz com
palavras que necessariamente vão umas atrás das outras, embora
expressem ideias simultâneas. Sei que uma frase é sempre uma
questão moral. Há uma memória ética? Ou é estética, isto é,
selectiva?» (A
Ninfa Inconstante).
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1914-22ABR2009
- Jack Cardiff: Realizador britânico - «Uma lenda do cinema, era
também um director de fotografia de craveira mundial, pioneiro nas
técnicas de rodagem em Technicolor,
e prestou uma contribuição
única a alguns dos melhores filmes de todos os tempos» (Amanda
Nevill) - distinguido pela Academia de Hollywood com um Óscar
Honorário ao «mestre da luz e da cor» (2001). IMAG.247-483
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