segunda-feira, outubro 16, 2017

IMAGINÁRiO #685

José de Matos-Cruz | 01 Dezembro 2018 | Edição Kafre | Ano XV – Semanal – Fundado em 2004

PRONTUÁRiO

CREPÚSCULOS
Em 1998, um dos mais prestigiados artistas europeus da banda desenhada, Enki Bilal sondou O Sono do Monstro - iniciando a tetralogia Monstro, culminante em 2007, sobre a terra onde nasceu, Jugoslávia. Testemunho impressionante de uma memória colectiva, latente e solitária - que Enki dedicou «a meu pai, filho de Ljubuški» - através das imagens fragmentárias, devastadas sobre a realidade nacional algures perdida e presente, entre o sortilégio do passado e os dilemas do futuro. História e fantástico, símbolos e ideais, armadilhas e perversões reflectiriam, em sua conexão temporal, a própria corrupção ou vulnerabilidade do ser humano - cujo crepúsculo se transcende além do horror e da morte, em momentos trágicos de um apocalipse bélico. Nostalgia, decepção, vingança, remorso, fundem-se pela densidade narrativa, a intensidade dos conflitos - estigmatizados num traço subtil, quanto à expressiva transparência sobre cenários e paisagens… Argumentista, ilustrador e colorista, Bilal confirmou, assim, o seu talento perturbante, inquieto mas emocionante como criador, transcendendo uma arquitectura onírica, nocturna elegia entre a liberdade e a opressão, nas virtualidades épico-dramáticas do imaginário. IMAG. 11-53-60-303-312-401-497

CALENDÁRiO

08JUL-30DEZ2017 - Em Elvas, Museu de Arte Contemporânea expõe Uma Colecção = Um Museu | 2007-2017 | Obras da Colecção António Cachola, sendo curador João Silvério. IMAG.575-610-631-670

14JUL-30SET2017 - Em Lisboa, Fundação Portuguesa das Comunicações apresenta, com Giefarte, Now and Ever | Oliveiras - exposição de fotografia pintada de Renée Gagnon, sendo curador Manuel Costa Cabral.

1943-27JUL2017 - Samuel Shepard Rogers III, aliás Sam Shepard: Escritor americano, dramaturgo e argumentista, realizador e actor - «Um dos primeiros, mais importantes e influentes escritores do movimento Off Broadway, especializado em captar os lados mais negros da vida americana em família» (Sopan Deb - The New York Times).

23JAN1928-31JUL2017 - Jeanne Moreau: Artista francesa, actriz, cantora e cineasta - «Para mim, a vida é sempre subir, até sermos queimados pelas chamas». IMAG.40-266

05AGO-05OUT2017 - Em Alvito, Espaço Adães Bermudes apresenta Louva, Lava, Leva - exposição de fotografia de Maria-do-Mar Rego e José M. Rodrigues. IMAG.667-682

27SET2017-21JAN2018 - Em Lisboa, Fundação Arpad Szènes-Vieira da Silva expõe Artes e Letras - Edições da Galeria Jeanne Bucher Jaeger (Paris), incluindo livros de artista alusivos a Max Ernst (1891-1976) e Maria Helena Vieira da Silva (1908-1992).
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VISTORiA

Num insigne e real trono, de longe
Ofuscando a riqueza de Ormuz e Índia,
Ou lá onde o bel Este com mão fértil
Sobre bárbaros reis verte ouro e pérolas,
Se sentava Satã, alçado em glória
E valor à eminência má; de afronta
Solevado ao mais alto aquém da esperança
Aspira a mais além, voraz no fito
De armas vãs contra o Céu, e certo de êxito
Mostra do seu preitês enredo, excertos.
John Milton
- Paraíso Perdido - Livro II (fragmento)

PARLATÓRiO

Onde existe uma grande vontade de aprender, haverá necessariamente muita discussão, muita escrita, muitas opiniões; pois as opiniões dos homens bons são, apenas, conhecimento em bruto… Acima de todas as liberdades, dêem-me a de saber, de me expressar, de debater com autonomia, de acordo com a minha consciência.
John Milton

Aquilo Em Que Eu Creio
A primeira ideia que quis exprimir, a que é mais importante porque está colocada por cima de tudo, é a existência das verdades da fé católica. Tenho a sorte de ser católico, nasci crente e aconteceu que os textos sagrados me impressionaram desde a minha infância. Um certo número das minhas obras é, pois, destinado a pôr em relevo as verdades teológicas da fé católica. Este é o primeiro aspecto da minha obra, o mais nobre, indubitavelmente o mais útil, o mais válido, porventura o único que não lamentarei à hora da minha morte.
Mas sou um ser humano, como todos os seres humanos sou sensível ao amor humano, que quis exprimir em três das minhas obras com referência ao maior mito do amor humano, o de Tristão e Isolda.
Finalmente, admiro a natureza. Penso que a natureza nos ultrapassa de modo infinito, e sempre lhe pedi que me desse lições; tenho amor aos pássaros, por isso, de modo especial, interroguei os cantos dos pássaros, dediquei-me à ornitologia. Há na minha música esta justaposição da fé católica, do mito de Tristão e Isolda, e a utilização extremamente desenvolvida dos cantos dos pássaros.
Olivier Messiaen
- Entretiens Avec Olivier Messiaen
(Claude Samuel – 1967)

SUMÁRiO

Pérignon
A tradição atribui-lhe a elaboração dos primeiros vinhos espumosos fermentados em garrafa.
Enoteca Khantaros
MEMÓRiA

DEZ1638-1715 - Dom Pierre Pérignon: Monge da comunidade da abadia beneditina de Hautvilliers, perto da cidade francesa de Épernay. Conta a lenda que, um dia do ano de 1670, o frade se sobressaltou com o estalido de umas garrafas de vinho nas caves da abadia. Acorrendo ao local, Dom Perignon viu o líquido derramado e, como bom apreciador que era, provou-o. Deu-se então conta de que o vinho «fazia cócegas»; encantado com o sucedido, comunicou-o aos seus irmãos da comunidade. De facto, o acaso tinha-lhe proporcionado o conhecimento da fermentação natural do vinho, produzida pela acção do açúcar e das leveduras naturais existentes na uva. No entanto, Dom Perignon não se limitou a desfrutar do fenómeno; pelo contrário, tomou nota das circunstâncias e investigou-as, até perceber o método champagnoise de elaboração da bebida mais valiosa do mundo. Conta-se que o frade foi, também, quem determinou os dois elementos que mais ajudam a aperfeiçoar o champagne: a rolha de cortiça e a garrafa de vidro grossa. IMAG.50-205

04DEZ1638-1734 - Raphael Bluteau: Clérigo regular da Ordem de São Caetano, e filho de pais franceses, chegou a Portugal em 1668, a mando do Geral da Ordem, sendo autor de Primicias Evangelicas, ou Sermões Panegyricos (1676). «Além de importante trabalho literário, foi um dos grandes divulgadores das novas ideias científicas do seu tempo, com particular interesse pela astronomia» (Diário de Notícias). Falava inglês, francês, português, espanhol, italiano e grego - «Um fio de voz, não quebra o silêncio».

1601-06DEZ1658 - Baltasar Gracián y Morales: Jesuíta espanhol, escritor, filósofo e moralista, expoente do conceptismo, autor de A Arte da Prudência - «As coisas não são vistas pelo que são, mas pelo que parecem. São raros os que olham por dentro e muitos os que se contentam com as aparências. Não basta ter razão, se uma acção tem má aparência». IMAG.91

06DEZ1908-1934 - Lester Joseph Gillis, aliás Baby Face Nelson: Durante a década de ’30, Inimigo Público nº 1 nos EUA - «Não aceito líderes. Tenho a minha própria maneira de assaltar bancos. Entro por ali dentro, mato toda a gente e saco o dinheiro» (sobre John Dillinger). IMAG.423-475-492

09DEZ1608-1661 - John Milton: Escritor inglês - «Ao Céu ágeis ascenderam / Do Paraíso os anjos, mudos, tristes / Pelo homem, pois sabiam já da queda!». IMAG.206-489

10DEZ1908-1992 - Olivier-Eugène-Prosper-Charles Messiaen, aliás Olivier Messiaen: Compositor e organista francês, autor original e vanguardista, distinguido com o Prémio Internacional Paulo VI (1989) - «Não deveria ser permitido que alguém fizesse música, como se fosse de madeira. O texto musical deve ser reproduzido exactamente, mas não tocado como uma pedra… Sou um francês das montanhas, tal como Berliotz!».  
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BREVIÁRiO
Dom Quixote edita Poesis de Maria Teresa Horta.  
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Asa edita Jim Del Monaco - Ladrões do Tempo de Luís Louro & Tozé Simões. IMAG.4-11-187-430-493-551-584

EXTRAORDINÁRiO

OS HUMANIMAIS - Folhetim Aperiódico

BUÇO COM LEITE MANCHA O COLETE - 6

Enxovalho e tanto. Todavia, não era um serviçal ébrio dos vapores alcoólicos, daqueles que, em passando a piteira, bom será beber com conta. Nem lhe havia dado a camueca. Pelo contrário, propício ao sonambulismo, Homero nutria um bálsamo, devotando-se a ideias niilistas.
Continua
 

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