José
de Matos-Cruz | 8 Janeiro 2018 | Edição Kafre | Ano XV – Semanal
– Fundado em 2004
PRONTUÁRiO
Na
América como em Portugal, em quadradinhos como no desporto… Em
2001, um cotado artista, Tony
Daniel (criador de The
Tenth,
Adrenalynn
ou F5,
ilustrador de Spawn
e
X-Force)
passou a pertencer à equipa Dark Horse, que editou Silke
como
chancela de talento. Assim, o explosivo dinamismo visual de Daniel,
as suas excitantes e inovadoras aventuras, expandem-se durante uma
experiência secreta da CIA, que corre mal. A estrutura genética dos
pacientes altera-se, adquirindo estranhos poderes - como alterar as
suas aparências. Pior ainda, Sandra Silke - um dos participantes -
logra escapar, e é perseguida sob a acusação de assassinato dos
outros agentes metamorfos. Para sobreviver, e provar que está
inocente, Silke tem que pôr em causa alguns símbolos da sua
veneração, recorrendo ainda aos extraordinários dons de que agora
dispõe... Segundo Daniel, «os actuais progressos da clonagem tornam
verosímil que, em breve, o drama de Silke se torne realidade. Não
seria melhor que certas matérias continuassem intocáveis?».
CALENDÁRiO
24SET2016-14JAN2017
- Em Almada, Casa da Cerca apresenta, em coprodução com Galeria
Ratton, Trabalho de Casa
1960-2013 - exposição de
pintura de Maria Beatriz. IMAG.81
1947-30SET2016
- Thierry Benoit, aliás Ted Benoit: Autor francês de banda
desenhada, argumentista e ilustrador, criador de Ray
Banana, continuador de Blake
e Mortimer, renovador da
linha clara
- «O desenho de Hergé estava tão ancorado no nosso inconsciente
colectivo que se tornou uma ferramenta. Era como desenhar com um
lápis, ou um pincel». IMAG.10-218-348-451-507-599
06OUT2016
- Assinalam-se os vinte anos de abertura do ANIM - Arquivo Nacional
das Imagens em Movimento, no concelho de Bucelas, tendo a Cinemateca
Portuguesa - Museu do Cinema anunciado, em Lisboa, os ciclos O
Trabalho dos Arquivos e A
Criação dos Arquivos (que
pretendem sublinhar a importância da preservação do património
fílmico, português e internacional), entre outras iniciativas que
se prolongarão até inícios de 2017.
IMAG.12-21-73-106-126-136-140-201-217-252-283-331-359-397-458-501-502-524-581
20OUT-30NOV2016
- Em Lisboa, Academia Portuguesa de Cinema apresenta, em parceria com
ICA / Instituto do Cinema e do Audiovisual e com Cinemateca
Portuguesa - Museu do Cinema, a 1ª
Exposição de Cartazes do Cinema Português,
patente na Cinemateca (Cinema Mudo e Manoel de Oliveira), na
Sociedade Nacional de Belas Artes (Filmes de 1940 a 2000) e no Hotel
Tivoli (José Fonseca e Costa).
IMAG.150-151-208-244-299-314-500-566-572
BREVIÁRiO
Chão
da Feira edita O Pobre de
Pedir de Raul Brandão
(1867-1930); posfácio de Gustavo Rubim.
IMAG.48-161-293-301-342-350-384-394-400-431-495-582-602-641
VISTORiA
Dizem
Que a Paixão o Conheceu
dizem
que a paixão o conheceu
mas hoje vive escondido nuns óculos escuros
senta-se no estremecer da noite enumera
o que lhe sobejou do adolescente rosto
turvo pela ligeira náusea da velhice
conhece a solidão de quem permanece acordado
quase sempre estendido ao lado do sono
pressente o suave esvoaçar da idade
ergue-se para o espelho
que lhe devolve um sorriso tamanho do medo
dizem que vive na transparência do sonho
à beira-mar envelheceu vagarosamente
sem que nenhuma ternura nenhuma alegria
nunhum ofício cantante
o tenha convencido a permanecer entre os vivos
mas hoje vive escondido nuns óculos escuros
senta-se no estremecer da noite enumera
o que lhe sobejou do adolescente rosto
turvo pela ligeira náusea da velhice
conhece a solidão de quem permanece acordado
quase sempre estendido ao lado do sono
pressente o suave esvoaçar da idade
ergue-se para o espelho
que lhe devolve um sorriso tamanho do medo
dizem que vive na transparência do sonho
à beira-mar envelheceu vagarosamente
sem que nenhuma ternura nenhuma alegria
nunhum ofício cantante
o tenha convencido a permanecer entre os vivos
Al
Berto
MEMÓRiA
09JAN1908-1986
- Simone Lucie-Ernestine-Marie Bertrand de Beauvoir, aliás Simone de
Beauvoir: Escritora e feminista francesa, filósofa existencialista -
«Toda a busca do ser está fadada ao fracasso; esse mesmo fracasso,
porém, pode ser assumido. Renunciando ao sonho vão de nos tornarmos
deus, podemos satisfazer-nos simplesmente em existir».
IMAG.78-183-217-558
11JAN1948-1997
- Alberto Raposo Pidwell Tavares, aliás Al Berto: Poeta e pintor
português - «se um dia a juventude voltasse / na pele das serpentes
atravessaria toda a memória / com a língua em teus cabelos dormiria
no sossego / da noite transformada em pássaro de lume cortante /
como a navalha de vidro que nos sinaliza a vida». IMAG.184-614
12JAN1628-1703
- Charles Perrault: Ficcionista e poeta francês - «Coisa
por demais sabida é que esperar não agrada, mas aquele que mais se
apressa não é o que mais caminho avança, pois, para fazer certas
coisas, são precisos tempo e calma».
IMAG.115-210-419-421
1832-14JAN1898
- Charles Lutwidge Dodgson, aliás Lewis Carroll: Ficcionista, poeta,
pintor, professor, matemático e fotógrafo britânico - «Os
conservadores são pessimistas quanto ao futuro, e optimistas quanto
ao passado». IMAG.47-305-336-356-433-487-618
1932-15JAN1988
- César de Oliveira: Dramaturgo português, compositor e empresário
teatral - criador da rábula Senhor
Feliz e Senhor Contente,
popularizada por Nicolau Breyner e Herman José no programa Nicolau
No País das Maravilhas
(1975).
PARLATÓRiO
Todo
homem que teve amores verdadeiros, revoltas verdadeiras, desejos
verdadeiros, e vontades verdadeiras, sabe muito bem que não tem
necessidade de nenhuma garantia extrema para ter certeza dos seus
objectivos; a certeza provém das próprias forças propulsoras.
Eu
gostaria muito de ter o direito, eu também, de ser simples e muito
fraca, de ser mulher…
Hoje
cedo, desejei ardentemente ser a garota que comunga na missa da manhã
e tem uma certeza serena… No entanto, não quero acreditar: um acto
de fé é o acto mais desesperado que existe, e quero que o meu
desespero pelo menos conserve a sua lucidez. Não quero mentir para
mim mesma.
Não
acredito que existam qualidades, valores, modos de vida
especificamente femininos: seria admitir a existência de uma
natureza feminina, quer dizer, aderir a um mito inventado pelos
homens para prender as mulheres na sua condição de oprimidas. Não
se trata para a mulher de se afirmar como mulher, mas de elas se
tornarem seres humanos na sua integridade.
É
pelo trabalho que a mulher vem diminuindo a distância que a separava
do homem. Somente o trabalho poderá garantir-lhe uma independência
concreta.
Simone
de Beauvoir
TRAJECTÓRiA
Escritor
francês, nasceu a 12 de janeiro de 1628, juntamente com um irmão
gémeo, François, em Paris. Oriundo de uma família burguesa
abastada, dá início aos seus estudos em 1637, no colégio de
Beauvais, que viria a concluir aos quinze anos, tendo demonstrado um
certo talento para as línguas mortas. Em 1643 ingressa no curso de
Direito e, em 1651, com apenas vinte e três anos, consegue o seu
diploma, tornando-se pois advogado. Dois anos mais tarde termina o
seu primeiro livro, Les Murs
de Troie ou L'Origine du Burlesque
(1653).
Em
1654, Perrault torna-se funcionário junto do seu irmão mais velho
Pierre, cobrador geral do reino e, depois de ter publicado uma série
de odes dedicadas ao rei, torna-se assistente de Colbert, o famoso
conselheiro de Luís XIV. Em 1665 passou a ser superintendente das
obras públicas do reino e, dois anos mais tarde, ordena a construção
do Observatório Real, de acordo com as plantas do seu irmão
Claude.
No ano de 1671, é eleito para a Academia Francesa e no dia da sua inauguração permitiu ao público presenciar a cerimónia, privilégio continuado ainda nos nossos dias. No ano seguinte, não só é nomeado chanceler da Academia, como contrai matrimónio com Marie Guichon. Em 1673 vê nascer a sua primeira criança, uma filha, e torna-se bibliotecário da mesma Academia.
No ano de 1671, é eleito para a Academia Francesa e no dia da sua inauguração permitiu ao público presenciar a cerimónia, privilégio continuado ainda nos nossos dias. No ano seguinte, não só é nomeado chanceler da Academia, como contrai matrimónio com Marie Guichon. Em 1673 vê nascer a sua primeira criança, uma filha, e torna-se bibliotecário da mesma Academia.
Em
1678, após dar à luz o seu quarto filho, Marie Perrault morre. O
escritor, desgostoso, cede, em 1680, o seu cargo de superintendente
ao filho de Colbert. Publicou a sua obra mais famosa em 1697, Contes
de Ma Mère l'Oye, ou
Histoires du Temps Passé,
uma coletânea de contos de encantar, que incluíam A
Bela Adormecida, O
Gato das Botas e A
Gata Borralheira, e que
passaria a ser conhecida apenas como Contos de Perrault.
Perdeu
o seu filho mais novo na guerra em 1700. Faleceu na noite de 15 para
16 de maio de 1703, na sua residência em Paris.
VISTORiA
– Gatinho
inglês… – começou ela, meio tímida, pois não tinha muita
certeza se ele iria gostar de ser tratado desse modo.
O
Gato fez um sorriso ainda mais largo.
– Ora,
vejam! Parece que ele está a gostar muito… – pensou Alice, e
continuou – Poderia dizer-me, por favor, como é que eu faço para
sair daqui?
– Isso
depende muito de para onde pretende ir! – disse o Gato.
– Para
mim tanto faz, para onde quer que seja… – respondeu Alice.
– Então,
pouco importa o caminho que tome. – disse o Gato.
– …Contanto
que eu chegue a algum lugar… – acrescentou Alice, explicando-se
melhor.
– Ah,
então certamente chegará lá, se continuar a andar bastante… –
respondeu o Gato.
Lewis
Carroll
-
Alice No País das Maravilhas
(1865 - excerto)
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