quarta-feira, dezembro 28, 2016

IMAGINÁRiO #642

José de Matos-Cruz | 8 Janeiro 2018 | Edição Kafre | Ano XV – Semanal – Fundado em 2004

PRONTUÁRiO

EXPERIÊNCIAS
Na América como em Portugal, em quadradinhos como no desporto… Em 2001, um cotado artista, Tony Daniel (criador de The Tenth, Adrenalynn ou F5, ilustrador de Spawn e X-Force) passou a pertencer à equipa Dark Horse, que editou Silke como chancela de talento. Assim, o explosivo dinamismo visual de Daniel, as suas excitantes e inovadoras aventuras, expandem-se durante uma experiência secreta da CIA, que corre mal. A estrutura genética dos pacientes altera-se, adquirindo estranhos poderes - como alterar as suas aparências. Pior ainda, Sandra Silke - um dos participantes - logra escapar, e é perseguida sob a acusação de assassinato dos outros agentes metamorfos. Para sobreviver, e provar que está inocente, Silke tem que pôr em causa alguns símbolos da sua veneração, recorrendo ainda aos extraordinários dons de que agora dispõe... Segundo Daniel, «os actuais progressos da clonagem tornam verosímil que, em breve, o drama de Silke se torne realidade. Não seria melhor que certas matérias continuassem intocáveis?».

CALENDÁRiO

24SET2016-14JAN2017 - Em Almada, Casa da Cerca apresenta, em coprodução com Galeria Ratton, Trabalho de Casa 1960-2013 - exposição de pintura de Maria Beatriz. IMAG.81

1947-30SET2016 - Thierry Benoit, aliás Ted Benoit: Autor francês de banda desenhada, argumentista e ilustrador, criador de Ray Banana, continuador de Blake e Mortimer, renovador da linha clara - «O desenho de Hergé estava tão ancorado no nosso inconsciente colectivo que se tornou uma ferramenta. Era como desenhar com um lápis, ou um pincel». IMAG.10-218-348-451-507-599

06OUT2016 - Assinalam-se os vinte anos de abertura do ANIM - Arquivo Nacional das Imagens em Movimento, no concelho de Bucelas, tendo a Cinemateca Portuguesa - Museu do Cinema anunciado, em Lisboa, os ciclos O Trabalho dos Arquivos e A Criação dos Arquivos (que pretendem sublinhar a importância da preservação do património fílmico, português e internacional), entre outras iniciativas que se prolongarão até inícios de 2017.
IMAG.12-21-73-106-126-136-140-201-217-252-283-331-359-397-458-501-502-524-581

20OUT-30NOV2016 - Em Lisboa, Academia Portuguesa de Cinema apresenta, em parceria com ICA / Instituto do Cinema e do Audiovisual e com Cinemateca Portuguesa - Museu do Cinema, a 1ª Exposição de Cartazes do Cinema Português, patente na Cinemateca (Cinema Mudo e Manoel de Oliveira), na Sociedade Nacional de Belas Artes (Filmes de 1940 a 2000) e no Hotel Tivoli (José Fonseca e Costa). IMAG.150-151-208-244-299-314-500-566-572

BREVIÁRiO

Chão da Feira edita O Pobre de Pedir de Raul Brandão (1867-1930); posfácio de Gustavo Rubim.
IMAG.48-161-293-301-342-350-384-394-400-431-495-582-602-641

VISTORiA

Dizem Que a Paixão o Conheceu
dizem que a paixão o conheceu
mas hoje vive escondido nuns óculos escuros
senta-se no estremecer da noite enumera
o que lhe sobejou do adolescente rosto
turvo pela ligeira náusea da velhice

conhece a solidão de quem permanece acordado
quase sempre estendido ao lado do sono
pressente o suave esvoaçar da idade
ergue-se para o espelho
que lhe devolve um sorriso tamanho do medo

dizem que vive na transparência do sonho
à beira-mar envelheceu vagarosamente
sem que nenhuma ternura nenhuma alegria
nunhum ofício cantante
o tenha convencido a permanecer entre os vivos
Al Berto
MEMÓRiA

09JAN1908-1986 - Simone Lucie-Ernestine-Marie Bertrand de Beauvoir, aliás Simone de Beauvoir: Escritora e feminista francesa, filósofa existencialista - «Toda a busca do ser está fadada ao fracasso; esse mesmo fracasso, porém, pode ser assumido. Renunciando ao sonho vão de nos tornarmos deus, podemos satisfazer-nos simplesmente em existir». IMAG.78-183-217-558

11JAN1948-1997 - Alberto Raposo Pidwell Tavares, aliás Al Berto: Poeta e pintor português - «se um dia a juventude voltasse / na pele das serpentes atravessaria toda a memória / com a língua em teus cabelos dormiria no sossego / da noite transformada em pássaro de lume cortante / como a navalha de vidro que nos sinaliza a vida». IMAG.184-614

12JAN1628-1703 - Charles Perrault: Ficcionista e poeta francês - «Coisa por demais sabida é que esperar não agrada, mas aquele que mais se apressa não é o que mais caminho avança, pois, para fazer certas coisas, são precisos tempo e calma». IMAG.115-210-419-421

1832-14JAN1898 - Charles Lutwidge Dodgson, aliás Lewis Carroll: Ficcionista, poeta, pintor, professor, matemático e fotógrafo britânico - «Os conservadores são pessimistas quanto ao futuro, e optimistas quanto ao passado». IMAG.47-305-336-356-433-487-618

1932-15JAN1988 - César de Oliveira: Dramaturgo português, compositor e empresário teatral - criador da rábula Senhor Feliz e Senhor Contente, popularizada por Nicolau Breyner e Herman José no programa Nicolau No País das Maravilhas (1975).
 
PARLATÓRiO

Todo homem que teve amores verdadeiros, revoltas verdadeiras, desejos verdadeiros, e vontades verdadeiras, sabe muito bem que não tem necessidade de nenhuma garantia extrema para ter certeza dos seus objectivos; a certeza provém das próprias forças propulsoras.

Eu gostaria muito de ter o direito, eu também, de ser simples e muito fraca, de ser mulher…
Hoje cedo, desejei ardentemente ser a garota que comunga na missa da manhã e tem uma certeza serena… No entanto, não quero acreditar: um acto de fé é o acto mais desesperado que existe, e quero que o meu desespero pelo menos conserve a sua lucidez. Não quero mentir para mim mesma.

Não acredito que existam qualidades, valores, modos de vida especificamente femininos: seria admitir a existência de uma natureza feminina, quer dizer, aderir a um mito inventado pelos homens para prender as mulheres na sua condição de oprimidas. Não se trata para a mulher de se afirmar como mulher, mas de elas se tornarem seres humanos na sua integridade.

É pelo trabalho que a mulher vem diminuindo a distância que a separava do homem. Somente o trabalho poderá garantir-lhe uma independência concreta.
Simone de Beauvoir
TRAJECTÓRiA


Escritor francês, nasceu a 12 de janeiro de 1628, juntamente com um irmão gémeo, François, em Paris. Oriundo de uma família burguesa abastada, dá início aos seus estudos em 1637, no colégio de Beauvais, que viria a concluir aos quinze anos, tendo demonstrado um certo talento para as línguas mortas. Em 1643 ingressa no curso de Direito e, em 1651, com apenas vinte e três anos, consegue o seu diploma, tornando-se pois advogado. Dois anos mais tarde termina o seu primeiro livro, Les Murs de Troie ou L'Origine du Burlesque (1653).
Em 1654, Perrault torna-se funcionário junto do seu irmão mais velho Pierre, cobrador geral do reino e, depois de ter publicado uma série de odes dedicadas ao rei, torna-se assistente de Colbert, o famoso conselheiro de Luís XIV. Em 1665 passou a ser superintendente das obras públicas do reino e, dois anos mais tarde, ordena a construção do Observatório Real, de acordo com as plantas do seu irmão Claude.
No ano de 1671, é eleito para a Academia Francesa e no dia da sua inauguração permitiu ao público presenciar a cerimónia, privilégio continuado ainda nos nossos dias. No ano seguinte, não só é nomeado chanceler da Academia, como contrai matrimónio com Marie Guichon. Em 1673 vê nascer a sua primeira criança, uma filha, e torna-se bibliotecário da mesma Academia.
Em 1678, após dar à luz o seu quarto filho, Marie Perrault morre. O escritor, desgostoso, cede, em 1680, o seu cargo de superintendente ao filho de Colbert. Publicou a sua obra mais famosa em 1697, Contes de Ma Mère l'Oye, ou Histoires du Temps Passé, uma coletânea de contos de encantar, que incluíam A Bela Adormecida, O Gato das Botas e A Gata Borralheira, e que passaria a ser conhecida apenas como Contos de Perrault.
Perdeu o seu filho mais novo na guerra em 1700. Faleceu na noite de 15 para 16 de maio de 1703, na sua residência em Paris.

VISTORiA

Gatinho inglês… – começou ela, meio tímida, pois não tinha muita certeza se ele iria gostar de ser tratado desse modo.
O Gato fez um sorriso ainda mais largo.
Ora, vejam! Parece que ele está a gostar muito… – pensou Alice, e continuou – Poderia dizer-me, por favor, como é que eu faço para sair daqui?
Isso depende muito de para onde pretende ir! – disse o Gato.
Para mim tanto faz, para onde quer que seja… – respondeu Alice.
Então, pouco importa o caminho que tome. – disse o Gato.
– …Contanto que eu chegue a algum lugar… – acrescentou Alice, explicando-se melhor.
Ah, então certamente chegará lá, se continuar a andar bastante… – respondeu o Gato.
Lewis Carroll
- Alice No País das Maravilhas (1865 - excerto)

Sem comentários:

Enviar um comentário