José
de Matos-Cruz | 1 Janeiro 2018 | Edição Kafre | Ano XV – Semanal
– Fundado em 2004
PRONTUÁRiO
EXCENTRICIDADES
Um
sarcástico herói dos quadradinhos, concebido em 1991, por Mike
Richardson, A Máscara / The Mask saltou para o grande ecrã em 1994
- num imaginário delirante, vertiginoso, em que Charles Russell
explora o prodígio dos efeitos especiais, digitalizados pela
Industrial Light & Magic de George Lucas. Nesta fantasia
heróica, sob exuberante burlesco, ressalta a caracterização por
Jim Carrey, com uma incomparável extroversão fisionómica e
coreográfica… Tímido e desajeitado, Stanley Ipkiss aceita o
convite do confidente e colega bancário Charlie Schumaker, para o
selectivo Coco Bong Club, onde canta a sensual Tina Carlyle, uma
eventual cliente que lhe manifestou simpatia. Porém, Tina é amante
do pérfido Dorian Tyrel, proprietário da boite e líder criminal,
usando-a como cúmplice para um assalto decisivo, na ambição de
dominar o submundo de Edge City. Casualmente, Ipkiss recupera do rio
um antigo artefacto viquingue, com o elã do Deus das Picardias, o
qual estivera longo tempo encerrado num cofre submerso, até ser
libertado acidentalmente. À noite, ao contemplar a Máscara, esta
modela-se ao rosto de Ipkiss, transformando-o num ser ousado,
irreverente, que se vinga dos que o humilharam, concretizando assim
todos os seus caprichos recalcados!
CALENDÁRiO
30JUN-15OUT2016
- Em Lisboa, Fundação Portuguesa das Comunicações | Museu das
Comunicações expõe Pintura de Signos - mostra bibliográfica e
projecção de desenhos e textos visuais de Ana Hatherly
(1929-2015), sendo curador Fernando Aguiar.
IMAG.63-208-233-435-461-580
15SET-16OUT2016
- Em Lisboa, Atelier-Museu Júlio Pomar apresenta A Arquitectura dos
Artistas - sendo comissário José Neves, com a participação
de António Bolota, Eduardo Batarda, Fernanda Fragateiro,
Francisco Tropa, João Queiroz, José Pedro Croft, Leonor
Antunes, Paulo Nozolino, Pedro Costa, Ricardo Jacinto, Rui
Chafes, Vera Mantero, Camilo Rebelo, Manuel Aires
Mateus, Manuel Graça Dias e Pedro Maurício Borges.
24SET-14NOV2016
- No Porto, Galeria Quadrado Azul expõe Dânae de Francisco Tropa.
IMAG.399-555-603-621
1921-01OUT2016
- Mário Augusto de Almeida Braga, aliás Mário Braga:
Escritor português, ficcionista, tradutor e jornalista - «Quando
ando em período de escrever, as figuras apoderam-se com tal
intensidade de mim, dominam-me com tal tirania, que sinto uma
irreprimível necessidade de me libertar delas, resolvendo-as
literariamente» (1959 - Litoral/Artes-Letras-Ciências).
06OUT-31DEZ2016
- Em Lisboa, Museu do Oriente apresenta Desorient Express -
exposição de cerâmica de Bela Silva, sendo curadora Catarina
Pombo Nabais. IMAG.92-407
07OUT2016-08JAN2017
- No Centro Cultural de Cascais, Fundação D. Luís I apresenta
Everybody Knows This Is Nowhere - exposição de fotografia de
Alexandra Hedison (EUA), com o apoio de Terra Esplêndida.
14OUT-27NOV2016
- Em Cascais, Fundação D. Luís I expõe, na Casa de Santa Maria,
Arte Em Miniatura - Postais Ilustrados da Época de Ouro.
SUMÁRiO
D.
João Gonçalves Zarco da Câmara (1852-1908) nasceu e faleceu em
Lisboa. Formou-se em engenharia no Instituto Industrial e trabalhou
na administração dos Caminhos de Ferro. Dedicou-se à dramaturgia
e ao jornalismo, tendo sido considerado o maior dramaturgo da
geração finissecular. Escreveu cerca de quarenta peças de teatro,
entre traduções e adaptações de romances, como o Amor de
Perdição de Camilo Castelo Branco.
MEMÓRiA
1852-02JAN1908
- João Gonçalves Zarco da Câmara, aliás D. João da Câmara:
Ficcionista, poeta, jornalista e dramaturgo português, autor de Os
Velhos (1893) - «Juramentos de mulher são como os perfumes das
verbenas, que mal duram uma noite…». IMAG.133-161-182-301-400
1922-03JAN2008
- Fernando José Francisco: Artista plástico português - «…Talvez,
de todos nós, o pintor mais dotado e que, pouco depois, forneceria à
pintura surrealista portuguesa o seu terceiro caso de emigração,
esta total: para dentro, desaparecendo de todo o convívio, e
ocultando para sempre, se é que os não destruiu, os seus óleos e
desenhos» (Mário Cesariny). IMAG.179-359
1925-05JAN2008
- Luiz Pacheco: Escritor português - «Estendo o pé e toco com o
calcanhar numa bochecha de carne macia e morna; viro-me para o
lado esquerdo, de costas para a luz do candeeiro; e bafeja-me um
hálito calmo e suave; faço um gesto ao acaso no escuro e a mão,
involuntária tenaz de dedos, pulso, sangue latejante, descai-me
sobre um seio morno nu ou numa cabecita de bebé, com um tufo de
penugem preta no cocuruto da careca, a moleirinha latejante;
respiramos na boca uns dos outros, trocamos pernas e braços,
bafos, suor uns com os outros, uns pelos outros, tão conchegados,
tão embrulhados e enleados num mesmo calor como se as nossas veias e
artérias transportassem o mesmo sangue girando, palpitassem,
compassadamente, silenciosamente, duma igual vivificante seiva.»
(Comunidade - 1964, excerto). IMAG.68-180-198-312-411-513-523-597
06JAN1888-18JAN1968
- Emmerico Hartwich Nunes, aliás Emmerico Nunes: Pintor português,
de mãe alemã, ilustrador e caricaturista - «…Ficou ligado aos
primórdios e à evolução do modernismo português e definindo, de
certo modo, uma faceta do seu ecletismo, nos anos 20 e 30,
especialmente» (José-Augusto França). IMAG.467
COMENTÁRiO
D.
João da Câmara
D.
João da Câmara é um dos maiores dramaturgos portugueses: as suas
obras ficarão no nosso teatro porque são profundamente humanas. E
ele não dispõe de grandes efeitos: a sua arte não arrasta pelo
tablado mantos de púrpura; pelo contrário, quase sempre traz um
vestido tão coçado que se lhe vê – a alma imortal. Porque os
farrapos desfazem-se, leva-os o vento: a alma não; essa é eterna.
E
dia a dia este grande escritor avança no caminho da Verdade: os
tipos dos seus dramas, à medida que descem na escala social,
enchem-se de grandeza. A piedade transborda-lhe da alma e ilumina-lhe
todas as figuras.
Poucas
peças modernas resistirão ao tempo: mais alguns anos e serão
velharias de museu. Diversa será, porém, a sorte dos Velhos, da
Triste Viuvinha, da Meia Noite e da Rosa Enjeitada, que é um dos
mais belos dramas que eu tenho visto na minha vida.
É
que D. João da Câmara é um poeta e os poetas adivinham: sabem onde
se encontra a verdade e vão descobri-la através de todas as
máscaras. As vezes sofrem. Melhor: tinta espalhada sem dor, só
tinta fica.
E
como é uma rápida impressão que me pedem, eis o que sinto ao
ouvi-lo ou ao lê-lo, depois de ter passado pela barafunda de tantos
literatos, todos eminentes, e que me enchem de admiração e de
cansaço: parece que topo uma fonte, aberta em rocha viva, donde
corre um fio de água límpido e frígido como um fio de lágrimas.
Apaga-me a sede!
Raul
Brandão
-
Álbum Açoreano (1903 - excerto)
Fernando
José Francisco
Era
o melhor de nós todos, era a maior esperança… Viveu uma história
excepcional, que poderia ser cantada por um Camões. Por o amor ser
tão grande ou ser tão fraco, decidiu deixar de pintar, o que é
admirável, muito bonito. E é único.
-
Cruzeiro Seixas (excerto)
Emmerico
Nunes
A
modernidade de Emmerico Nunes está condicionada ao diálogo com o
seu público. Para além de uma paleta mais aberta, com cores fortes
e expressionista, a síntese do traço, numa caligrafia de
comunicação directa sem barroquismos, dominarão a sua obra.
As
guerras e instabilidades no centro da Europa foram empurrando
Emmerico Nunes para esta ocidental praia, onde aos poucos foi
constituindo família, e um abrigo. Contudo, esse abrigo será sempre
precário, visto não haver por cá bases sólidas para uma
sobrevivência desafogada de um artista. Aqui, vai ter se sujeitar ao
que há, espalhando a sua criatividade do humor adulto ao humor
infantil. Da publicidade às artes decorativas. Da pintura de retrato
à paisagem. De restaurador a professor de meninos irrequietos.
-
Osvaldo Macedo de Sousa (2008 - excerto)
BREVIÁRiO
Caminho
edita Papéis da Prisão de Luandino Vieira.
IMAG.19-41-61-95-138-198-288-516
Sistema
Solar edita O Ombro da Marquesa de Émile Zola (1840-1902); tradução
de Aníbal Fernandes. IMAG.269-593
Dom
Quixote edita O Amor Em Lobito Bay de Lídia Jorge.
IMAG.16-144-187-286-314-373-536-540-545-574-635
Bertrand
edita Viagem a Itália 1786-1788 de Johann Wolfgang von Goethe
(1749-1832); tradução de João Barrento. IMAG.199-240-363-366
Sony
edita em CD, Pierre Boulez [1925-2016] Conducts [Maurice] Ravel
(1875-1937), com BBC Symphony Orchestra, The Cleveland Orchestra e
New York Philharmonic.
IMAG.67-104-160-236-272-317-343-358-411-505-534-566-600
Sem comentários:
Enviar um comentário