PRONTUÁRiO
VIVÊNCIAS
Tendo consagrado um empolgante universo em quadradinhos, com as
aventuras extraordinárias do viquingue Thorgal,
o artista polaco Grzegorz Rosinski
decidiu – após vinte e cinco álbuns, durante um quarto de século – que era
tempo de surpreender e revirtualizar o panorama da banda desenhada
franco-belga. Assim, e já cumpridos os cinquenta anos, Rosinski – para quem «só
o que nunca foi desenhado me inspira» – voltou a surpreender com A
Fábula das Terras Perdidas/Complainte des Landes Perdues,
recriando uma saga concebida por Jean
Dufaux, o popular autor de Jessica
Blandy. Eis um imaginário prodigioso e periclitante, que oprime/resgata em
quatro capítulos – simbolizando os laços de sangue e de poder – que fizeram
história ao longo de uma década: Sioban (1993),
Blackmore (1994), Dame Gerfaut (1996), Kyle of Klanach (1998)… Tudo acontece na
tiranizada ilha de Eruin Dulea, onde o perverso Lord Blackmore consolida o seu
regime, ao forçar o casamento com Lady O’Mara, após a morte do marido/líder
Wolf, o Lobo Branco. A trágica senhora espera, assim, garantir a segurança de
sua filha, a bela e corajosa Sioban – com quem se precipitará uma heróica
jornada contra a ambição, o desejo, a subjugação e a crueldade. IMAG.32
VISTORiA
À Morte Peço a Paz
¨À morte peço a paz farto de tudo,
de ver talento a mendigar o pão,
e o oco abonitado e farfalhudo,
e a pura fé rasgada na traição,
de ver talento a mendigar o pão,
e o oco abonitado e farfalhudo,
e a pura fé rasgada na traição,
e galas de ouro e despejados bustos,
e a virgindade à bruta rebentada,
e em justa perfeição tratos injustos,
e o valor da inépcia valer nada,
e autoridade na arte pôr mordaça,
e pedantes a engenho dando lei,
e a verdade por lorpa como passa,
e no cativo bem o mal ser rei.
Farto disto, não deixo o meu caminho,
pois, se eu morrer, é o meu amor sozinho.
William
Shakespeare
- Sonetos (66)
Boda Espiritual
¨Tu não estás comigo em momentos escassos:
No pensamento meu, amor, tu vives nua
– Toda nua, púdica e bela, nos meus braços.
O teu ombro no meu, ávido, se insinua.
Pende a tua cabeça. Eu amacio-a… Afago-a…
Ah, como a minha mão treme… Como ela é tua…
Põe no teu rosto o gozo, uma expressão de mágoa.
O teu corpo crispado alucina. De escorço
O vejo estremecer como uma sombra n’água.
Gemes quase a chorar. Suplicas com esforço.
E para amortecer teu ardente desejo
Estendo longamente a mão pelo teu dorso…
Tua boca sem voz implora em um arquejo.
Eu te estreito cada vez mais, e espio absorto
A maravilha astral dessa nudez sem pejo…
E te amo como se ama um passarinho morto.
No pensamento meu, amor, tu vives nua
– Toda nua, púdica e bela, nos meus braços.
O teu ombro no meu, ávido, se insinua.
Pende a tua cabeça. Eu amacio-a… Afago-a…
Ah, como a minha mão treme… Como ela é tua…
Põe no teu rosto o gozo, uma expressão de mágoa.
O teu corpo crispado alucina. De escorço
O vejo estremecer como uma sombra n’água.
Gemes quase a chorar. Suplicas com esforço.
E para amortecer teu ardente desejo
Estendo longamente a mão pelo teu dorso…
Tua boca sem voz implora em um arquejo.
Eu te estreito cada vez mais, e espio absorto
A maravilha astral dessa nudez sem pejo…
E te amo como se ama um passarinho morto.
Manuel
Bandeira
CALENDÁRiO
¢12MAR-12MAI2015 - Em Lisboa,
Torreão Poente / Terreiro do Paço expõe Caprichos
de [Francisco de] Goya (1746-1828);
iniciativa de Objectivos do Milénio/UNESCO, com colecção de gravuras do Museu
Casa-Palácio de Cuenca. IMAG.207-357-446-469-556
¢17MAR-02MAI2015 - Em Lisboa,
Fundação Carmona e Costa expõe A Outra
Mão de Graça Pereira Coutinho, sendo curador Paulo Pires do Vale.
VISTORiA
¨Este que aqui vedes de rosto aquilino, de cabelo castanho, testa
lisa e descarregada, de alegres olhos e de nariz curvo, embora bem
proporcionado; as barbas de prata, que não há vinte anos eram de ouro, os
bigodes grandes, a boca pequena, os dentes nem miúdos nem graúdos, pois não tem
mais do que seis, e estes mal postos e pior dispostos, porque não têm
correspondência uns com os outros; o corpo entre dois extremos, nem grande, nem
pequeno; a cor viva, mais branca do que morena, as costas algum tanto
encurvadas e os pés não muito ligeiros; este digo que é o rosto do autor de A Galateia e de D. Quixote, e de quem fez a Viagem
de Parnaso, à imitação de Cesare Carali Perusino, e outras obras que por aí
andam desgarradas, e talvez sem o nome de seu dono. Chama-se comummente Miguel
de Cervantes Saavedra. Foi soldado muitos anos e cinco e meio cativo, onde
aprendeu a ter paciência nas adversidades. Perdeu a mão esquerda de uma
arcabuzada na batalha naval de Lepanto, ferida que, embora pareça feia, ele a
tem por formosa, por tê-la recebido na mais memorável e alta ocasião que viram
os passados séculos e esperam ver os vindouros, militando sob as vencedoras
bandeiras do filho do corisco de guerra, Carlo Quinto, de feliz memória.
Miguel de Cervantes
- Novelas Exemplares (1613 - excerto)
MEMÓRiA
¯18ABR1666-1747 - Jean-Féry Rebel:
Compositor e violinista francês, ao estilo barroco, autor de Les Éléments (1737). IMAG.294
¯1879-18ABR1936 - Ottorino
Respighi: Compositor e musicólogo italiano, director da Academia de Santa
Cecília em Roma (1923), pianista, violista e violinista, autor de poemas
sinfónicos (como As Fontes de Roma -
1916) ou óperas (como La Fiamma -
1934), de bailados e concertos para violino ou piano.
¨ 19ABR1886-1968 - Manuel Carneiro
de Sousa Bandeira Filho, aliás Manuel Bandeira: Poeta brasileiro - «Eu quero a
estrela da manhã / Onde está a estrela da manhã? / Meus amigos meus inimigos /
Procurem a estrela da manhã» (Estrela da
Manhã - excerto). IMAG.93
20ABR1846-1900
- Alexandre
Alberto da Rocha de Serpa Pinto: Militar e explorador português,
responsável pela travessia do continente africano entre Angola, no Atlântico, e
a Costa do Oceano Índico. IMAG.125-304
¨ 20ABR1856-1919 - Vasily Vasilievich
Rozanov: Escritor e filósofo russo - «A democracia é um instrumento com o qual
uma minoria bem organizada governa uma maioria organizada».
¯20MAR1936-2012 - Richard Rodney
Bennett: Compositor inglês, autor da banda sonora de Um Crime No Expresso do Oriente / Murder On the Orient Express
(1974) - «Eu era uma desgraça em ciência e desporto, mas a vantagem nas escolas
quaker é que somos encorajados a
desenvolver as áreas para as quais nos sentimos atraídos». IMAG.446
21ABR1146 - No Mosteiro do Paço da Lousã, da
Ordem religiosa de São Bento, morre Egas Moniz - nascido Entre-Douro-e-Minho em
1080, senhor de Ribadouro, mordomo-mor, cavaleiro e aio de D. Afonso Henriques,
dado por seu pai, o Conde D. Henrique de Borgonha.
¨ 21ABR1816-1855
- Charlotte Brontё: Ficcionista e poeta inglesa - «Mais vale vivermos sem
lógica do que sem sentimentos». IMAG.13-213-263-508
¾21ABR1926-2014 - José Carlos
Souto de Sousa Veloso: Engenheiro agrónomo, autor e apresentador do programa Tv Rural (1959-1990 - RTP) - «Deu voz à
agricultura, com uma capacidade de comunicação única, que era simultaneamente
simpática e didáctica» (Assunção Cristas). IMAG.542
1883-21ABR1946 - John Maynard
Keynes: Economista britânico - «Não há meio mais subtil nem mais seguro de
subverter a ordem social do que o aviltamento da moeda. Trata-se de um processo
que mobiliza todas as forças ocultas da lei económica a favor da destruição, e
fá-lo de maneira tal que, em um milhão de pessoas, não há uma só que seja capaz
de fazer um diagnóstico». IMAG.421
¨ 1547-23ABR1616 - Miguel de Cervantes Saavedra: Ficcionista, poeta
e dramaturgo castelhano, autor de Dom
Quixote (1605) - «O poeta pode contar ou cantar as coisas, não como foram
mas como deviam ser; e o historiador há-de escrevê-las, não como deviam ser e
sim como foram, sem acrescentar ou tirar nada à verdade». IMAG.25-38-79-92-103-349-503
¨ 1564-23ABR1616 - William Shakespeare: Dramaturgo e poeta inglês -
«O débil, acovardado, indeciso e servil não conhece, nem pode conhecer, o
generoso impulso que guia aquele que confia em si mesmo, e cujo prazer não é
ter conseguido a vitória, mas sentir-se capaz de conquistá-la». IMAG.25-26-33-66-79-92-110-131-141-146-164-179-188-193-198-199-202-232-239-322-326-342-366-377-387-404-410-415-443-457-464-471-495-499-531-533
¨Vega edita Lotte Em Weimar de Thomas Mann (1875-1955); tradução de Teresa Seryua. IMAG.173-233-261-517-528
¯Distrijazz
edita em CD, sob chancela Impulse! / Resonance, Offering: Live at Temple University por John Coltrane (1926-1967). IMAG.190-499-528-538
¨Quetzal edita Além da Literatura de João Bigotte
Chorão. IMAG.272-293
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