José
de Matos-Cruz | 24 Setembro 2015 | Edição Kafre | Ano XII – Semanal – Fundado
em 2004
PRONTUÁRiO
PRODÍGIOS
Formando uma das mais
fascinantes e talentosas duplas artísticas, na banda desenhada de expressão
europeia, Schuiten & Peeters são
também, entre nós, uma parceria quase mítica pela escassa obra publicada.
Lembram-se As Cidades Obscuras - onde, em Brusel, vacila o estatuto do
cidadão comum, pervertido pelas engrenagens da burocracia metropolitana. Ou A
Menina Inclinada - aliás Mary Von Rathen que, tendo visitado o
prodigioso Parque de Atracções de Alaxis, num ano utópico de 747, adquire uma
estranha virtualidade ao partir em simulada viagem pelos astros - pois perde o
aprumo comum, numa vertigem inexplicável entre o maravilhoso e a normalidade…
Assim culmina a sumptuosa concepção / inventariação que Benoît Peeters (argumento) & François Schuiten (ilustração) recriam, desde 1981, n’As Cidades Invisíveis: fluxos
históricos, ciclos civilizacionais, fantásticos desafios - em deslumbrante
transfiguração, sobre um imaginário dramático e onírico, nas implicações
românticas, surreais, através de estilizada arquitectura gráfica, com
intemporais referências estéticas. IMAG.215-248-269-400-444-520
MEMÓRiA
¯1881-26SET1945
- Bela Bartók: Compositor húngaro, representante da modernidade clássica - «A
minha ideia pessoal, desde que sou compositor, é a fraternidade de todos os
povos, não obstante todas as guerras e querelas. Tento, conforme as minhas
capacidades o permitem, servir esta ideia na minha música; é por isso que não
excluo qualquer influência, venha ela de fonte eslovaca, romena, árabe ou outra
qualquer». IMAG. 128-213-236-316-335-435-519
¨1846-26SET1925
- António Cândido de Figueiredo: Escritor, filólogo e jornalista português,
presidente da Academia de Ciências de Lisboa - «Eis-nos do sacrario às portas!
/ Irrompe a aurora vivaz, / e as sombras dormem atraz / no pó das gerações
mortas! // Ao cego quem disse – vê – ? / Quem disse ao povo – caminha – ? /
Quem abraça e acarinha / o que não ama nem crê? // Responde a voz da sciencia,
/ calando no coração / dos que levantam a mão / aos mundos da inteligência!» (Saudação
- excerto). IMAG.374-478
¨1836-27SET1915
- José Duarte Ramalho Ortigão: Escritor e jornalista português - «A orientação
mental da mocidade contemporânea comparada à orientação dos rapazes do meu
tempo estabelece entre as nossas respectivas cerebrações uma diferença de nível
que desloca o eixo do respeito na sociedade em que vivemos obrigando a elite
dos velhos a inclinar-se rendidamente à elite dos novos» (Carta a Um Velho Amigo, João Amaral - 1914).
1822-28SET1895 - Louis
Pasteur: Químico e microbiólogo francês - «A imaginação deveria dar asas aos
nossos pensamentos, mas nós precisamos, sempre, de uma prova experimental
decisiva, e, no momento de reflectir, de interpretar as nossas observações, e
de concluir, a imaginação deve ser verificada e documentada pelos resultados da
experimentação». IMAG.342-400
¸1931-30SET1955
- James Dean: Actor americano - «Se lograrmos vencer as diferenças entre a vida
e a morte, se conseguirmos continuar a viver depois da morte, então talvez
tenhamos sido alguém». IMAG.52-305-310
ANUÁRiO
¨45-125
- Plutarco: Escritor e biógrafo grego - «A sensatez, pelo que respeita aos bens
da fortuna, explica-se de quatro modos: em adquiri-los, em conservá-los, em
aumentá-los e em deles fazer um uso conveniente». IMAG.47-133
ANTIQUÁRiO
SET1865
- O número de candeeiros a gás colocados em Lisboa é de 2.806. Existem mais
dois de iluminação por azeite. Neste mês, estão acesos 904.312 horas e 30
minutos.
VISTORiA
¨Na
política a nossa história actual é a abdicação por inépcia de todos os foros e
de todas as franquias de liberdade conquistadas pela geração que nos precedeu.
Vede a representação nacional. O nosso parlamento tem muitos defeitos, mas
todos eles procedem de um vício capital, irremediável, sem cura – a
incapacidade intelectual para compreender o maquinismo do mundo moderno,
perceber a lei das novas evoluções sociais, e debater com perfeito conhecimento
do sistema da universalidade moral que nos governa os altos interesses do tempo
a que pertencemos. Com menos eloquência, com menos ardor, com menos fé que em
1836 os actuais deputados da nação vivem ainda a equilibrar as velhas dúvidas
pulverulentas e desengonçadas do estabelecimento do sistema parlamentar. No
entanto no resto do mundo os acontecimentos científicos, sociais e políticos
precipitam-se vertiginosamente, criando transformações que os antigos tempos
não viam senão de uma gestação de séculos. Dentro de poucos anos a Itália
unifica-se; a coroa de Roma cai da fronte do Papa; os Bourbons são expulsos da
Espanha; os Bonapartes fogem da França; constitui-se o império alemão; a
América emancipa os seus escravos; a Europa perfura o Monte Cenis e abre o
canal de Suez; em Paris estala a revolução social que no primeiro dos seus
relâmpagos abre um abismo de sangue; a classe operária agita-se por toda a parte,
e o murmúrio, profundo como o do Oceano, que ela está fazendo na sombra, abala
a confiança que tinha em si a propriedade e o capital, e obriga as classes
médias, em cujo poder jaziam desde a revolução francesa os destinos da
civilização, a lembrarem-se de que a realeza, o clero e a aristocracia tiveram
sobre o mundo antigo, assim como a burguesia sobre o mundo moderno, o seu tempo
de domínio; que uma lei histórica lhes arrancou o poder num momento, e que a
hora do presente regime pode soar amanhã, assim como sucessivamente soou,
irrevogável e fatal, a de cada um dos domínios que têm senhoreado a humanidade.
Isto pondera-se, medita-se, discute-se em todos os parlamentos. Em Portugal
sana-se a questão apagando as luzes e fechando à chave a sala das conferências
democráticas. Têm os políticos portugueses alguma leve notícia do que se está
passando no mundo? Ignoramo-lo. Os partidos avançados o que querem? Novas
liberdades em uma Carta reformada e a máxima descentralização nos diferentes
ramos da administração pública. Ora enquanto à liberdade está-se provando em
cada dia que nem da que possuímos temos aprendido a usar. Enquanto à
descentralização a civilização portuguesa pararia no dia em que a votassem.
Quereis uma prova? Há distritos em que o número das escolas tem duplicado nos
últimos anos; pois bem: o número dos alunos é igual ao do tempo em que as
escolas eram de metade!
- As Farpas (excerto, 1871)
PARLATÓRiO
¸Um
actor tem de interpretar a vida e, para tal, deve estar disposto a aceitar
todas as experiências que essa mesma vida tem para oferecer. Na verdade, ele
deve procurar saber mais da vida do que ela deposita aos seus pés. No curto
espaço da sua vida, um actor tem de aprender tudo o que é possível,
experimentar tudo o que estiver ao seu alcance.
James
Dean
CALENDÁRiO
¸ 1920-30AGO2014
- Andrew Victor McLaglen, aliás Andrew V. McLaglen: Cineasta americano,
realizador de Chisum, o Senhor do Oeste
/ Chisum (1970) - Um western épico e
empolgante, «dirigido com estilo e uma notável mestria, a par com uma
deslumbrante fotografia de William H. Clothier» (The Warner Bros. Story). IMAG.179-257
¸ 1922-05SET2014
- Karel Cerny: Arquitecto checoslovaco, produtor de cinema e director de arte,
distinguido com um Oscar por Amadeus
(1984 - Milos Forman) - «Era dotado de um sentido intrínseco de combinar o jogo
de actores com os cenários e o guarda-roupa» (Briana Cechova).
¯1928-07SET2014
- Milton Santos de Almeida, aliás Miltinho: Artista brasileiro, cantor de
samba, autor de Mulher de 30 - «…Se Deus me deu, é porque eu mereço!».
¸ 1939-10SET2014
- Richard Dawson Kiel, aliás Richard Kiel: Actor americano, intérprete de Jaws
em 007 - Agente Irresistível (1977) e
007 - Aventura No Espaço (1979) - «Fiquei
bastante desconcertado com a descrição da personagem e, na altura, pensei que
não precisavam realmente de um actor, porque ele é mais um monstro!».
¯30JUL1925-11SET2014
- Antoine Duhamel: Compositor e maestro francês, autor da banda sonora de Pedro, o Louco /Pierrot le Fou (1965 - Jean-Luc Godard) - «A sua música deu a
identidade imortal, a alma invisível, a filmes míticos» (Fleur Pellerin).
¸ 11SET2014
- NOS Audiovisuais estreia Os Maias
de João Botelho; sobre a obra de Eça de Queiroz, com Graciano Dias e Maria Flor.
IMAG.1-68-168-189-236-243-326
11SET-23NOV2014 - Em
Lisboa, Museu Bordalo Pinheiro apresenta Menezes
Ferreira - Capitão das Artes; exposição de desenho humorístico, pintura,
ilustração e obra gráfica do artista militar Menezes Ferreira (1889-1936).
¢12SET-30NOV2014
- Em Portalegre, Galeria de São Sebastião apresenta João Cutileiro - Trabalhos Recentes e Maquetes Para Sebastiões;
exposição de esculturas e desenhos. IMAG.68
ü15SET-15OUT2014
- Em Lisboa, Mosteiro dos Jerónimos apresenta O Marrocos & a Europa - Seis Séculos Sob o Olhar do Outro;
exposição de objectos, gravuras e manuscritos da colecção de Paul Dahan, com o
patrocínio da Embaixada de Marrocos em Portugal.
BREVÁRiO
¨Quetzal
edita As Praias de Portugal - Guia do
Banhista e do Viajante (1876) de Ramalho Ortigão (1836-1915). IMAG.19-52-90-91-125-148-199-205-208-242-251
¨Em
Setúbal, Centro de Estudos Bocageanos / CEB edita Descrição da Arrábida do Padre Inácio Monteiro (Século XVII);
transcrição, actualização do texto, prefácio e notas de António Mateus Vilhena
e Daniel Pires, posfácio de José Eduardo Franco. IMAG.32-42-151-436-521
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