sexta-feira, setembro 12, 2014

IMAGINÁRiO #521

José de Matos-Cruz | 01 Julho 2015 | Edição Kafre | Ano XII – Semanal – Fundado em 2004

PRONTUÁRiO

REINVENÇÕES

Ao ser confrontado, em entrevista, com o fascínio que o imaginário americano exerce, sobre os artistas europeus, logo no domínio especializado da aventura criminal, Jacques Tardi - o prestigiado autor de Griffu (1977) - comentou uma insinuante estratégia de expropriação e reincidência: tradicionalmente, o que o Velho Continente inventa, é explorado pelo Novo Mundo - em especial ao nível tecnológico e artístico, como o cinema. Agora, a banda desenhada - logo de expressão franco-belga - permite transfigurar esses sinais mitificados, sob o signo do espectáculo. Eis, também, a perspectiva recriada em O Peixe-Palhaço / Le Poisson-Clown (1998) por David Chauvel (argumento) & Frédéric Simon (grafismo). Chegado de Henryetta, a terra natal no Oklahoma, à grande cidade, a Denver dos anos ’50, Happy Wimbush - um jovem rústico e simplório - é envolvido nas engrenagens sofisticadas e violentas da Máfia… Uma narração confessional, uma ilustração evolutiva, fundamentam as vivências circunstanciais de um nóvel e relutante herói.

CALENDÁRiO

¢07JUN-14SET2014 - Em Lisboa, Museu Nacional de Arte Contemporânea do Chiado expõe, com Fundação Carmona e Costa, Antológica - da Pintura à Pintura de Pires Vieira, sendo curadora Adelaide Ginga.

¨1927-15JUN2014 - Daniel Keyes: Professor e escritor americano, autor de Flowers For Algernon (1966), distinguido com o Prémio Nebula - «A minha actividade académica estava a afastar-me das pessoas que amo… Até que pensei: o que aconteceria, se fosse possível ampliar a capacidade intelectual de alguém?» (Algernon, Charlie, and I: A Writ’s Journey - 2000).

¸16JUN-JUL2014 - Em Lisboa, Cinemateca Portuguesa apresenta António da Cunha Telles - Mudar de Vida, retrospectiva de homenagem ao realizador, produtor e distribuidor, personalidade fundamental do Novo Cinema Português. IMAG.14-37-158-362-434-445

¯1928-18JUN2014 - Horace Ward Martin Tavares Silva, aliás Horace Silver: Compositor e músico americano de jazz, saxofonista e pianista, co-fundador do hard bop, líder de The Jazz Messengers, tocou com Stan Getz ou Miles Davis, tendo criado «um legado entre as décadas de 1950 e 1960 altamente influente» (Diário de Notícias).

¸19JUN2014 - NOS Audiovisuais estreia O Homem Duplicado/Enemy de Denis Villeneuve; sobre a obra de José Saramago, com Jake Gyllenhaal e Isabella Rossellini.

®1930-20JUN2014 - Jaime Gaspar Gralheiro, aliás Jaime Gralheiro: Dramaturgo, encenador, advogado e político português, co-fundador do CITAC/Círculo de Iniciação Teatral da Academia de Coimbra, autor de Onde Vaz, Luiz? (1980) - «Homem de princípios, convicções e palavra firme e clara» (Sociedade Portuguesa de Autores/SPA).

¢27JUN-31AGO2014 - No Centro Cultural de Cascais, Fundação D. Luís I apresenta Travessia - exposição de pintura e escultura de Cláudia Lima.

27JUN-31DEZ2014 - Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa expõe Portugal e a Europa Em Cartoons, em organização do Gabinete de Informação do Parlamento Europeu em Portugal, com o Instituto de História Contemporânea e o Centro Nacional de Banda Desenhada e Imagem/CNBDI da Câmara Municipal da Amadora; inclui visões de António Jorge Gonçalves, Cristina Sampaio, Fernando Relvas, Rodrigo de Matos e Telmo Ferreira, sobre a União Europeia e a participação de Portugal.
                    
MEMÓRiA


¸01JUL1925-2011 - Farley Granger: Actor norte-americano de cinema, televisão e teatro - «Sinto-me mais à vontade em frente dos espectadores do que de uma câmara. Há uma correspondência entre nós. O público ao vivo afecta-me, e isso é bom». IMAG.351

COMENTÁRiO

¸François Truffaut: Farley Granger, que estava excelente em Rope / A Corda (1948), não convence muito em Strangers On a Train / O Desconhecido do Norte Expresso (1951). Eu julgava que o senhor queria apresentá-lo assim, lançando-lhe um olhar muito severo, pois interpreta uma personagem de play-boy oportunista: ao pé dele, Robert Walker é muito inspirador, e torna-se bastante mais simpático. Claramente, apercebemo-nos de que, neste filme, as suas simpatias vão para o mau.
Alfred Hitchcock: Claro que sim; sem dúvida nenhuma.
François Truffaut
- O Cinema de Alfred Hitchcock
     
PARLATÓRiO
 
OO Orçamento nacional deve ser equilibrado. É preciso reduzir as dívidas públicas, a arrogância das autoridades deve ser moderada e controlada. Há que reduzir os pagamentos a Governos, ou a Nação vai à falência. As pessoas têm de reaprender a trabalhar, em vez de viverem por conta pública.
Marcus Tullius Cicero
(Roma - 55aC) 
    




ANTIQUÁRiO

JUL1865 - Neste momento, trabalham 14.589 operários nas estradas e em outras obras públicas do Reino de Portugal.
    
ANUÁRiO

1875 - Neste ano, o distrito do Porto produz 3.945 litros de mel e 2.435 quilos de cera.
         
NOTICIÁRiO

Maria das Tairocas
Foi ontem condenado como vadio, em dois meses de prisão, o célebre Augusto Nunes, por alcunha a Maria das Tairocas, que há tempos deu muito que falar, no sujo caso dos camareros. Depois de cumprida a pena, vai ser entregue ao Governo.
05JUL1885 - Diário de Notícias
          
DOCUMENTÁRiO

António da Cunha Telles
- Mudar de Vida
¸Importante figura do cinema português, que marcou fortemente no início dos anos 1960, quando emergiu como produtor do Novo Cinema, quase uma década antes de se iniciar na realização, António da Cunha Telles (nascido no Funchal, em 1935) é protagonista de um prolífero percurso cujas várias vertentes, como realizador, produtor e distribuidor, marcam o panorama da cinematografia portuguesa há seis décadas. É à sua obra que a Cinemateca dedica uma retrospectiva - integral como realizador, e extensiva nos capítulos da produção e da distribuição. Intitulada António da Cunha Telles - Continuar a Viver, a manifestação tem início com a projeção de O Cerco, a sua primeira longa-metragem como realizador em 1970, e é acompanhada pela publicação de um catálogo.
Autor a esta data de seis longas-metragens, em que para além de O Cerco, se incluem Meus Amigos (1974), Continuar a Viver ou Os Índios da Meia Praia (1976), Vidas (1983), Pandora (1993) e Kiss Me (2004), como realizador, Cunha Telles filmou retratos de geração (O Cerco, Meus Amigos, Vidas), cruzou a militância do Cinema de Abril com um surpreendente olhar etnográfico (Os Índios da Meia Praia), filmou uma ficção em que é permitida a leitura de um autorretrato (Pandora) e um filme de época em que voltou ao início dos anos 60, propondo um surpreendente retrato feminino (Kiss Me).
Associando o início da sua atividade, como produtor, ao arranque do Novo Cinema nos anos 60, com Os Verdes Anos de Paulo Rocha (1963), Belarmino de Fernando Lopes (1964) e Domingo à Tarde de António de Macedo (1965), António da Cunha Telles produziu também, nesses anos, Faria de Almeida, Manuel Guimarães e Carlos Villardebó, mas também Pierre Kast (PXO, correalizado com Jacques Doniol-Valcroze, e Vacances Portugaises, 1963-64, este último com Clara d'Ovar) e François Truffaut (La Peau Douce, 1964, de que foi produtor associado). Os filmes das Produções Cunha Telles são também mostrados, neles se incluindo uma sessão de números de 1967 do jornal de actualidades Cine Almanaque, produzido para a Ulyssea Filme.
O seu relevante trabalho como distribuidor na Animatógrafo está representado na retrospectiva, com a exibição de filmes de Jean Renoir, André Malraux, Glauber Rocha, Jean-Luc Godard, Jan Nemec, Alain Tanner e, em primeiras apresentações na Cinemateca,  Yawar Mallku / Sangue de Condor de Jorge Sanjines (1969) e Attica de Cinda Firestone (1972). O documentário Chamo-me António da Cunha Telles, de Alvaro Romão, produzido por Isabel Chaves para Hora Mágica (2011), é também um filme em exibição.
             
BREVÁRiO

¨Porto Editora re-edita O Homem Duplicado (2002) de José Saramago (1922-2010). IMAG.38-75-155-158-196-198-224-241-245-252-263-268-311-331-385-394-412-475

¨Em Setúbal, Centro de Estudos Bocageanos / CEB edita A Serra da Arrábida Na Poesia Portuguesa - colectânea com selecção de António Mateus Vilhena e Daniel Pires. IMAG.32-42-151-436

¨Casa das Letras edita Sono de Haruki Murakami; tradução de Maria João Lourenço. IMAG.337

¨Presença edita Quando o Cuco Chama de Robert Galbraith, aliás J.K. Rowling; tradução de Ana Saldanha, Maria Georgina Segurado e Rita Figueiredo. IMAG.5-62

¨Assírio & Alvim re-edita Obscuro Domínio de Eugénio de Andrade (1923-2005). IMAG.33-45-150-248-303-326-389-423-432-460-485-518

¯Universal edita em CD, White Light / White Heat - DeLuxe Edition por The Velvet Underground. IMAG.189

¨Antígona edita As Portas da Percepção de Aldous Huxley (1894-1963); tradução de Paulo Faria. IMAG.71-165-332-444-475-510 

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