segunda-feira, junho 16, 2014

IMAGINÁRiO #509

José de Matos-Cruz | 1 Abril 2015 | Edição Kafre | Ano XII – Semanal – Fundado em 2004

PRONTUÁRiO
FELINOS
São carinhosos, agressivos, sensuais, ariscos, preguiçosos, atrevidos. Olham-nos com toda a paz do mundo. Usurpam-nos toda a intimidade. São felinos. São os gatos… E não podiam, evidentemente, deixar de ser heróis da banda desenhada! Um dos mais célebres e pândegos chama-se Garfield, é americano e tem fãs em todo o mundo, para êxito e fortuna do autor Jim Davis - que se inspirou na personalidade do avô, James Garfield. Nasceu em 1978 e andou, durante anos, a arranhar os quadradinhos até se fazer notado, por finais da década de ‘80. Para uma antologia do bichano, aqui ficam alguns comentários de afiar o sorriso: «mostrem-me uma pessoa que faz jogging e eu mostro-lhes alguém que gosta de sofrer»; «as aranhas tornam-se mais rápidas à medida que vão envelhecendo»; «os gatos conseguem harmonizar-se com o ambiente»; ou «odeio pêlos de gato, quando não são os meus»... Mas não fiquem de cabelos em pé, sem lerem um outro do próprio criador: «Para mim, o céu é azul, a relva é verde e os gatos são cor de laranja»! >IMAG.1-172-399




CALENDÁRiO   
¨1927-05ABR2014 - Peter Matthiessen: Escritor americano, autor de At Play In the Fields of the Lord (1961) - «Estamos honrados por o termos conhecido, e ao seu pensamento belo e selvagem» (Riverhead Books).

¨1927-17ABR2014 - Gabriel García Márquez: Escritor colombiano, radicado no México, autor de Cem Anos de Solidão (1967), distinguido com o Prémio Nobel da Literatura (1982) - «Em cada linha que escrevo, procuro sempre, com maior ou menor sucesso, invocar os espíritos esquivos da poesia, e tento deixar em cada palavra o testemunho da minha devoção pelas suas virtudes adivinhadoras, e pela sua vitória permanente contra os poderes surdos da morte». >IMAG.13-224-261-294-391

¯03JUL1935-17ABR2014 - José Luis Feliciano Vega, aliás José Feliciano, aliás Cheo Feliciano: Compositor porto-riquenho, cantor de salsa e de bolero, intérprete de Anacaona, distinguido com o Grammy Latino (2008).

¯17ABR-20SET2014 - Em Lisboa, Cordoaria Nacional apresenta, com Museu do Fado, Carlos do Carmo - 50 Anos, sendo comissária Sara Pereira. >IMAG.166-314-434-463

¢1928-21ABR2014 - Carlos Frederico Calvet, aliás Carlos Calvet: Arquitecto português, artista plástico, fotógrafo e cineasta - «Através da sua versatilidade e capacidade de mistura de estilos e tendências, contribuiu para uma mudança de paradigma na área das artes visuais em Portugal» (Jorge Barreto Xavier).

24ABR2014 - Na Figueira da Foz, Museu Municipal Santos Rocha expõe A Cadeira Que Queria Ser Sofá - Prémio Nacional de Ilustração 2013 - de Ana Biscaia. >IMAG.310-416-430
            
MEMÓRiA
O01ABR1815-1898 - Otto von Bismarck: Nobre, diplomata e político prussiano - «Nunca se mente tanto como em véspera de eleições, durante a guerra e depois da caça».

¨02ABR1725-1798 - Giacomo Girolamo Casanova, aliás Giacomo Casanova: Escritor e aventureiro italiano - «Nunca fui atraente… Simplesmente, tinha uma confiança desenfreada de que era capaz de qualquer coisa» (História da Minha Vida).  >IMAG. 299-347-505

¨02ABR1805-04AGO1875 - Hans Christian Andersen: Ficcionista dinamarquês - «Os prazeres pertencem à juventude, as alegrias à maturidade e a bem-aventurança à velhice». >IMAG.45-54-95-506

¯07ABR1915-1959 - Billie Holiday: Cantora americana de jazz - «Não é possível interpretar uma canção da mesma maneira duas noites seguidas, seja em dois ou em dez anos. Se o conseguirmos, não se trata de música - estamos apenas a fazer um rígido exercício de voz, ou algo parecido». >IMAG.235-390-396-509

¸07ABR1945-2010 - Werner Schroeter: Encenador e realizador de cinema alemão - «Fassbinder dizia que ele era o melhor entre todos os cineastas. Fez ópera e teatro, foi um grande criador no verdadeiro sentido» (Paulo Branco). >IMAG.298

VISTORiA
A Pequena Sereia
¨A Pequena Sereia, a filha mais nova do rei Tritão, era uma sereia diferente das outras cinco irmãs. Era muito quieta, não era difícil vê-la distante e pensativa.
Desde os dez anos, a Pequena Sereia guardava uma estátua de um jovem príncipe que havia encontrado num navio naufragado. Passava às vezes horas contemplando a estátua, que aguçava ainda mais a sua vontade de conhecer o mundo da superfície. Porém, esse seu desejo só poderia ser realizado quando completasse quinze anos. Nessa idade, é dada permissão às sereias para nadarem até a superfície do mar.
Para a Pequena Sereia, esse dia especial parecia nunca chegar. Ela acompanhava, a cada ano, os quinze anos de cada uma das suas irmãs, ansiosa para que o seu dia também chegasse em breve, e escutava atenta o relato de cada uma delas sobre tudo aquilo que viram.
As irmãs falavam sobre os barulhos da cidade, as luzes, o céu, os pássaros, sobre as pessoas, os animais… Eram tantas as novidades que só aumentavam o desejo da Pequena Sereia de conhecer aquele mundo.
>Hans Christian Andersen (excerto)

¨Foi seu último livro. Tinha sido um leitor de voracidade imperturbável, tanto nas tréguas das batalhas como nos repousos do amor, mas sem ordem nem método. Lia a toda hora, com a luz que houvesse, ora passeando debaixo das árvores, ora a cavalo sob os sóis equatoriais, ora na penumbra dos coches trepidantes sobre os empedrados, ora balouçando na rede enquanto ditava uma carta. Um livreiro de Lima surpreendera-se com a abundância e a variedade das obras que seleccionou de um catálogo geral onde havia desde os filósofos gregos até um tratado de quiromancia. Na juventude, lera os românticos por influência de um professor Simon Rodríguez, e continuou a devorá-los como se estivesse a ler a si mesmo com seu temperamento idealista e exaltado. Foram leituras passionais que o marcaram para o resto da vida. Por fim, havia lido tudo o que lhe caíra nas mãos, e não teve um autor predilecto, mas muitos que o foram em diferentes épocas. As estantes das diversas casas onde viveu estavam sempre abarrotadas, e os dormitórios e corredores acabavam convertidos em desfiladeiros de livros amontoados e montanhas de documentos errantes que proliferavam à sua passagem, e o perseguiam sem misericórdia buscando a paz dos arquivos. Nunca chegou a ler tantos livros quantos possuía. Ao mudar de cidade, entregava-os aos cuidados dos amigos de maior confiança, embora nunca voltasse a ter notícia deles, e a vida de guerra obrigou-o a deixar um rasto de mais de quatrocentas léguas de livros e papéis, da Bolívia à Venezuela.
>Gabriel García Márquez
(1989 - excerto)
         
COMENTÁRiO
Casanova
por Ian Kelly
¨Casanova foi um dos indivíduos mais cativantes e controversos da sua ou de qualquer época. Fanfarrão ou amante perfeito? Burlão ou génio?
Fez e perdeu fortunas, fundou lotarias oficiais, escreveu quarenta e dois livros, e 3600 páginas de memórias recordando os sabores e cheiros dos anos anteriores à Revolução Francesa - assim como, claro, os seus casos amorosos e encontros sexuais com dúzias de mulheres e uma mão-cheia de homens. A sua energia era espantosa.
O historiador Ian Kelly recorreu a documentos inéditos da Inquisição de Veneza, sobre Casanova, os seus amigos e amantes, que proporcionam uma nova compreensão da sua vida e do seu mundo. A sua investigação abarca, no século XVIII, Veneza, Paris, São Petersburgo, Moscovo, Roma, Praga e o castelo checo onde Casanova viveu, escreveu e morreu.
Esta é a história de um homem, mas também do livro que escreveu sobre si próprio. As suas memórias valeram-lhe dois séculos de má fama. Mudaram também, para sempre, a maneira como pensamos e escrevemos sobre nós mesmos - e sobre sexo. Ao mesmo tempo que as revoluções - científicas, industriais, políticas e artísticas - transformaram o mundo no século XVIII, Casanova produziu um estudo íntimo e exaustivo daquilo que ele via como a peça mais revolucionária de todas - ele próprio.
O mundo, e o modo como nos vemos nele, nunca mais seriam os mesmos.

ANTIQUÁRiO
06ABR1385 - Pelas Cortes reunidas em Coimbra, e aos 26 anos, o Grão-Mestre de Aviz é aclamado El-Rei D. João I (1358-1433) - décimo monarca de Portugal e o primeiro da Dinastia de Aviz, filho de D. Pedro I e de D. Tereza Lourenço, dama galega. Foi o primeiro bastardo de rei a quem as Crónicas nomeiam como Dom, sendo cognominado O de Boa Memória.

BREVÁRiO
¨Relógio D’Água edita O Jogo Sério de Hjalmar Söderberg (1869-1941); tradução de José Miguel Silva. >IMAG.423

¯Universal edita em CD, sob chancela Decca, Robert Schumann [1810-1856]: Waldszenen - Piano Sonata Nº 2 - Gesänge der Frühe por Mitsuko Uchida. >IMAG.105-194-203-233-268-278-301-341-344-365-375-418-458

¨Tinta da China edita Eu Sou Uma Antologia - 136 Autores Fictícios de Fernando Pessoa (1888-1935); organização de Jerónimo Pizarro e Patrício Ferrari. >IMAG. 26-28-64-82-130-131-157-182-187-196-207-211-236-264-323-326-330-333-343-347-376-382-384-385-395-399-403-404-417-426-433-450-460-467-491-507

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