José de Matos-Cruz | 24 Fev. 2015 | Edição Kafre |
Ano XII – Semanal – Fundado em 2004
PRONTUÁRiO
VIRTUALIDADES
Pelos anos ’70 do Século
XX, Terry Gilliam tornou-se notado como artista de quadradinhos - em Nova Iorque , ao
trabalhar com Harvey (Mad) Kurtzmann, em Help!;
e em França, como colaborador da Pilote,
pela mão de René (Astérix) Goscinny.
Um salto a Inglaterra comprometeu-o na série televisiva Monty Python’s Flying Circus
(1969), graças à associação com (outro) Terry (de apelido) Jones. Mais tarde,
esta equipa de magos visionários e sarcásticos transitou para o cinema - em
títulos como Monty Python e o Cálice Sagrado (1975) ou O Sentido da Vida
(1983), onde se contrastam uma extravagância por vezes surrealista, e
filosóficas considerações sobre a civilização tecnológica, paralelamente a
reflexos de paroxismo ou elementar humor…
Argumentista, actor eventual, mestre da animação, responsável a solo por Os Ladrões do Tempo (1981), Terry Gilliam evocaria: «Todos os meus filmes dessa época tiveram origem em mim, desenvolvendo ideias próprias e insistindo na sua concretização. Em contraste com os privilégios do director no cinema americano, eu via-me como um autêntico realizador!»
Argumentista, actor eventual, mestre da animação, responsável a solo por Os Ladrões do Tempo (1981), Terry Gilliam evocaria: «Todos os meus filmes dessa época tiveram origem em mim, desenvolvendo ideias próprias e insistindo na sua concretização. Em contraste com os privilégios do director no cinema americano, eu via-me como um autêntico realizador!»
CALENDÁRiO
1922-01MAR2014 - Alain Resnais: Cineasta
francês - «Gostaria de abordar, nos meus filmes, a complexidade do pensamento,
o seu mecanismo interno. Quando aprofundamos o inconsciente, as emoções brotam.
E o cinema deveria ser uma montagem de emoções». >IMAG.36-81-135-250-471-502
1948-05MAR2014 - Leopoldo Maria Panero:
Poeta espanhol, autor de Por el Camino de
Swan (1968) - «Um dos mais surpreendentes poetas do Século XX em Espanha,
um homem sempre no limite da loucura e na borda do pensamento. A sua poesia é
um acto canibal, um intervalo no desespero, como o pirete que suspende a vida»
(António Cabrita).
06MAR2014 - Medeia Filmes estreia Primária de Hugo Pedro.
1929-12MAR2014 - Vera Chytilová: -
Cineasta checa, realizadora de Jovens e Atrevidas / Sedmikrasky (1966) - «Desde o
início, optou por desconstruir e desorientar. De uma cena para outra, e não
somente de um filme para outro, ela rompeu, desestruturou, redefiniu. Transpôs
em imagens os seus questionamentos pessoais, as suas verdades íntimas, sem
quaisquer tipos de amarras, com mesma liberdade com a qual conduziu a sua trajectória
pessoal. Dessa forma, todos os adjectivos associados a ela - inovadora, controversa,
feminista, transgressora - se não justos, compõem um quadro bastante próximo
daquilo que ela apresentou ao longo de sua filmografia» (Roberta Takamatsu).
13-27MAR2014 - No Forte de São Jorge
de Oitavos, Câmara Municipal de Cascais apresenta, com Embaixada da República
de Angola, Elas Expõem… Conexões, Cores e Formas - Exposição Colectiva Feminina.
MEMÓRiA
24FEV1955-2011- Steven Paul Jobs, aliás
Steve Jobs: Inventor americano, empresário informático e co-fundador da Apple
(1976) - «Estamos neste mundo, para deixar uma marca no universo. Senão, o que
teríamos cá vindo fazer?». >IMAG.80-87-200-379
25FEV1885-1886 - Cesário Verde: Poeta
português - «Eu que sou feio, sólido, leal, / A ti, que és bela, frágil,
assustada, / Quero estimar-te, sempre, recatada / Numa existência honesta, de
cristal.». >IMAG.25-117-307
1893-25FEV1945 - Mário Raul de Morais
Andrade, aliás Mário de Andrade: Escritor brasileiro, historiador e musicólogo
- «Eu sou um escritor difícil / Que a muita gente enquizila, / Porém essa culpa
é fácil / De se acabar duma vez: / É só tirar a cortina / Que entra luz nesta
escurez.». >IMAG.438
28FEV1895-1974 - Marcel Pagnol: Cineasta
e dramaturgo francês, membro da Academia Francesa - «É preciso desconfiarmos
dos engenheiros… As coisas começam pela máquina de costura e acabam na bomba
atómica… A honra é como os fósforos: serve apenas uma vez». >IMAG.463
VISTORiA
Mandaste-me dizer,
No teu bilhete ardente,
Que hás-de por mim morrer,
Morrer muito contente.
Lançaste no papel
As mais lascivas frases;
A carta era um painel
De cenas de rapazes!
Ó cálida mulher,
Teus dedos delicados
Traçaram do prazer
Os quadros depravados!
Contudo, um teu olhar
É muito mais fogoso,
Que a febre epistolar
Do teu bilhete ansioso:
Do teu rostinho oval
Os olhos tão nefandos
Traduzem menos mal
Os vícios execrandos.
Teus olhos sensuais
Libidinosa Marta,
Teus olhos dizem mais
Que a tua própria carta.
As grandes comoções
Tu, neles, sempre
espelhas;
São lúbricas paixões
As vívidas centelhas...
Teus olhos imorais,
Mulher, que me dissecas,
Teus olhos dizem mais,
Que muitas bibliotecas!
- Cesário Verde
A Serra do Rola-Moça
A Serra do Rola-Moça
Não tinha esse nome não…
Eles eram do outro lado,
Vieram na vila casar.
E atravessaram a serra,
O noivo com a noiva dele
Cada qual no seu cavalo.
Antes que chegasse a noite
Se lembraram de voltar.
Disseram adeus pra todos
E se puseram de novo
Pelos atalhos da serra
Cada qual no seu cavalo.
Os dois estavam felizes,
Na altura tudo era paz.
Pelos caminhos estreitos
Ele na frente, ela atrás.
E riam. Como eles riam!
Riam até sem razão.
A Serra do Rola-Moça
Não tinha esse nome não.
As tribos rubras da tarde
Rapidamente fugiam
E apressadas se escondiam
Lá embaixo nos socavões,
Temendo a noite que vinha.
Porém os dois continuavam
Cada qual no seu cavalo,
E riam. Como eles riam!
E os risos também casavam
Com as risadas dos cascalhos,
Que pulando levianinhos
Da vereda se soltavam,
Buscando o despenhadeiro.
Ali, Fortuna inviolável!
O casco pisara em falso.
Dão noiva e cavalo um
salto
Precipitados no abismo.
Nem o baque se escutou.
Faz um silêncio de morte,
Na altura tudo era paz…
Chicoteado o seu cavalo,
No vão do despenhadeiro
O noivo se despenhou.
E a Serra do Rola-Moça
Rola-Moça se chamou.
- Mário de Andrade
O nosso tempo é limitado.
Portanto, não percam tempo vivendo a vida dos outros. Não se deixem aprisionar
pelo dogma de viver com os resultados do pensamento de outras pessoas. Não
deixem o barulho da opinião dos outros abafar a vossa voz interior. E, mais
importante, tenham a coragem para seguir o vosso coração e a vossa intuição -
que, de algum modo, já sabem o que nós, realmente, querermos tornar-nos. Tudo o
mais é secundário.
Diz-se que há, no cinema,
uma tradição Méliès e uma tradição Lumière. Mas eu creio que há, também, uma
tradição Feuillade, que utiliza maravilhosamente o fantástico de Méliès e o
realismo de Lumière.
Alain Resnais
BREVÁRiO
Arrow Video edita em
Blu-ray, Os Ladrões do Tempo / Time Bandits (1981) de Terry Gilliam;
com Sean Connery e Shelley Duvall. >IMAG.8-62-166-384-419-431
Âncora Editora lança João de Deus - A Magia das Letras de
José Ruy; versão em mirandês, La Magie de las Letras, com tradução por Amadeu
Ferreira. >IMAG.4-16-19-36-61-78-96-117-129-141-149-197-223-224-252-263-267-271-279-305-392-416-430
Relógio D’Água edita A Verdadeira Vida de Sebastian Knight de
Vladimir Nabokov (1899-1977); tradução de Ana Luísa Faria. >IMAG.63-223-253-272-325-338-418-503
Quarto de Jade edita Os Labirintos da Água de Diniz Conefrey;
adaptação / ilustração de textos de Herberto Helder. >IMAG.-221-289-301-325-332-377-395-430-440-448-487
Dom Quixote edita Um Homem Singular - Biografia Política de
Rodrigo da Fonseca Magalhães (1987-1858) de Maria de Fátima Bonifácio. >IMAG.140
EXTRAORDINÁRiO
OS ALTERNATIVOS
- Folhetim Aperiódico
ATRAPALHADO NA CARCAÇA
O ESCARAVELHO FAZ-SE MORTO - 3
Pelo menos, haviam perdido
o bafio entranhado durante os anos em que se acoitaram numa das covas às portas
da capital. Até serem escorraçados por um bando de mandingas, fugitivos depois
de figurarem no Pavilhão das Colónias, durante a Exposição de Portugal no
Mundo.
– Continua
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