terça-feira, março 05, 2019

IMAGINÁRiO #760

José de Matos-Cruz | 24 Junho 2020 | Edição Kafre | Ano XVI – Semanal – Fundado em 2004

PRONTUÁRiO

TESTEMUNHOS
Antigo crítico dos Cahiers du Cinéma, já após a licenciatura, Claude Chabrol estreou-se como realizador em finais dos anos ’50. Autor de um ensaio sobre Alfred Hitchcock com Eric Rohmer, actor e produtor, assinou alguns filmes essenciais nas duas décadas subsequentes, em França, focando a solidão existencial, a perversão das relações, a decadência dos compromissos - retalhos de primordial análise e encenação sofisticada, quanto à derrocada burguesa. Assim privilegia uma atmosfera oculta, interiormente ritualizada, cuja fatalidade criminal contamina vivências e afeições, sob os signos do bem e do mal, a um ritmo avassalador, pela patente cínica na fluidez dos diálogos, contrastando as regras convencionais do espectáculo americano. Em teoria e tarefa partilhada com François Guérif, Chabrol assumiu Como Fazer Um Filme - lançado por Publicações Dom Quixote, na colecção Arte e Sociedade - para aspirantes e diletantes, abordando todas as fases de um processo criativo e técnico, complexo e virtual, em que a vasta experiência coteja a indústria com a mesma displicência que referencia as escolas de cinema. Reflectindo, afinal, o testemunho do engenho sobre o testamento de génio: «Disse, quando era principiante, que não são precisas mais de quatro horas - mesmo não sendo dotado - para aprender a realização, e ainda o penso».

CALENDÁRiO

20OUT2018-12JAN2019 - Em Lisboa, Galeria Zé dos Bois apresenta Querela - exposição de objectos, esculturas e peças de parede de Liz Craft (EUA).

07NOV2018-10MAR2019 - Em Lisboa, Museu Colecção Berardo apresenta Purple - instalação de vídeo em seis ecrãs por John Akomfrah (GB).

1922-12NOV2018 - Stanley Martin Lieber, aliás Stan Lee: Autor americano de quadradinhos, argumentista e editor, presidente da Marvel Comics, cocriador de Spider-Man, Hulk, Doctor Strange, Fantastic Four, Daredevil, X-Men, Iron Man ou Thor - «Personagens de carne e osso, com personalidade. É isso que qualquer história deve ter, mas as bandas desenhadas não o exprimiam… Havia, apenas, bonecos de papel» (1992).
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1936-15NOV2018 - António Emanuel Comprido Dias de Deus, aliás António Dias de Deus: Investigador e ensaísta português de quadradinhos, autor de Os Comics Em Portugal - Uma História da Banda Desenhada (1997) - «Consideradas sob uma perspectiva socio-económica, as histórias aos quadradinhos só alcançam especificidade cultural quando atingem o estádio em que são impressas, distribuídas e vendidas a muitas pessoas por baixo custo.». IMAG.526

23NOV2018-17FEV2019 - No Centro Cultural de Cascais, Fundação D. Luís I apresenta North South /East West - exposição de fotografia de Ted Witek.

24NOV2018-31MAR2019 - Em Vila Franca de Xira, Museu do Neo-Realismo apresenta O Mundo Começou às 5 e 47 - exposição de Hugo Canoilas, Miguel Castro Caldas e Tatiana Macedo, sendo curadoras Sandra Vieira Jürgens e Paula Loura Batista, e dando continuidade ao ciclo de arte contemporânea Cosmo/Política. IMAG.706-729

COMENTÁRiO

Sinto falta do verde, o verde é o alimento moral, o verde mantém a suavidade das atitudes e a quietude da alma. Se tirar esta cor à vida, tudo ficará seco e mau. Os animais ferozes devem o seu carácter unicamente ao facto de não viverem entre o verde. Eu, quando encontro um arbusto, colho algumas folhas e meto-as no bolso. Depois, no meu quarto, olho-as com amor e pego-lhes carinhosamente.
Antoine de Saint-Exupéry
- Cartas do Pequeno Príncipe
MEMÓRiA

24JUN1930-12SET2010 - Claude Henri Jean Chabrol, aliás Claude Chabrol: Cineasta francês, realizador, produtor, argumentista e actor - «A estupidez é infinitamente mais fascinante do que a inteligência. A inteligência tem as suas restrições. Para a estupidez, não há limites». IMAG.51-238-288-324-342-722

24JUN1970-2012 - Bernardo da Costa Sassetti Pais, aliás Bernardo Sassetti: Compositor e pianista português, bisneto de Sidónio Pais, sobrinho-neto de Luís de Freitas Branco - «Nunca tive nenhum músico com quem tivesse uma sintonia tão profunda. Eu vou para cantar, e ele já sabe o que vou fazer. De repente, tenho uma inflexão, e o Bernardo cala-se e pega na minha inflexão» (Carlos do Carmo). IMAG.310-409-542

1882-27JUN1970 - Pierre Dumarchey, aliás Pierre Mac Orlan: Novelista e letrista francês - «A natureza e os livros pertencem aos olhos de quem os vê… As palavras são mais misteriosas do que os próprios factos». IMAG.280-360

29JUN1900-1944 - Antoine Jean-Baptiste-Marie-Roger Foscolombe de Saint-Exupéry, aliás Antoine de Saint-Exupéry: Escritor e ilustrador francês, autor de O Principezinho / Le Petit Prince - «As pessoas crescidas têm sempre necessidade de explicações… Nunca compreendem nada sozinhas, e é fatigante para as crianças estarem sempre a dizer-lhes como as coisas são».
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1922-29JUN2000 - Vittorio Ambron Gassman, aliás Vittorio Gassman: Actor italiano do cinema e do teatro - «O único erro de Deus foi não ter dado duas vidas ao ser humano: uma para ensaios, outra para actuar». IMAG.280-385

ANUÁRiO

1800-1872 - José da Costa Sequeira: Professor de Desenho de Arquitectura da Academia Real de Belas Artes desde 1836, autor de Nocões Theoricas de Architectura Civil, «distinto criador e ornamento da arte nacional» (Diário de Notícias - 08NOV1872). IMAG.393

VISTORiA

Quando lhes falamos de um novo amigo, as pessoas nunca se informam do essencial. Não perguntam: «Qual é o som da sua voz? Quais os brinquedos que prefere? Será que colecciona borboletas?» Mas perguntam: «Qual é sua idade? Quantos irmãos tem? Quanto pesa? Quanto ganha o seu pai?» Só então é que elas julgam conhecê-lo. Se dizemos às pessoas crescidas: «Vi uma bela casa de tijolos cor-de-rosa, gerânios na janela, pombas no telhado…», elas não conseguem, de modo nenhum, fazer uma ideia da casa. É preciso dizer-lhes: «Vi uma casa de seiscentos contos». Então, elas exclamam: «Que bonita!»
Antoine de Saint-Exupéry
- O Principezinho

TRAJECTÓRiA

Nasceu na freguesia de Nossa Senhora da Ajuda, em Belém, em 1800. Filho de Pedro Victor da Costa Teixeira e de D. Mariana Rosa das Dominações. Seu pai fora alferes do Regimento de Infantaria N.º 1, fizera parte da Legião Portuguesa, e morreu na famigerada retirada da Rússia em 1811. José da Costa não tinha o apelido Sequeira. Começou a usá-lo com licença de seu tio materno, o célebre pintor Domingos António de Sequeira. Estudou na Casa do Risco, no real Palácio da Ajuda, desde 1818 até 1821, em que o promoveram a ajudante arquitecto supranumerário, lugar que desempenhou sob a direcção dos arquitectos Fabri e Rosa, até 1824, em que o despacharam para as obras públicas. Desde essa época entrou em comissões diversas, e foi incumbido de obras de muita importância, como em Cascais, Sesimbra e Runa; do plano da Igreja da Senhora da Rocha, em Linda a Pastora, de 1828 a 1832; da direcção dos trabalhos do Jardim de S. Pedro de Alcântara, em 1836; da construção do quartel para o antigo Batalhão Naval, em 1845; da construção do edifício para o Real Observatório Astronómico de Lisboa, do plano para a conclusão do Real Paço da Ajuda, do jazigo real de São Vicente de Fora. Um dos fundadores e primeiro secretário da Associação dos Arquitectos Civis Portugueses, secretário da Academia de Belas Artes de Lisboa; sócio correspondente da Academia de Belas Artes do Rio de Janeiro e de outras sociedades estrangeiras; cavaleiro da Ordem de São Tiago, do mérito científico, literário e artístico. Era homem de estudo e de muita aplicação, e por isso respeitado na sua classe. Silvestre Pinheiro Ferreira convidara-o para a direcção da secção artística da Encyclopedia Portugueza, e o Visconde de Castilho pediu-lhe para escrever uma nota para a Traducção dos Fastos. Colaborou no Archivo da Associação dos Architectos. Morreu na sua casa de Lisboa em 1872.

PARLATÓRiO

Representar, não está longe da loucura. Um actor trabalha, projectando o seu carácter nos outros. É uma espécie de esquizofrenia.
Vittorio Gassman

Há quem crie pontes, e inove na investigação médica. Eu comecei a escrever histórias sobre pessoas fictícias que faziam coisas extraordinárias e alucinantes, e vestiam fatos de super-heróis. Mas acho que acabei por perceber que o entretenimento não é facilmente descartado…
Stan Lee
(2014)
BREVIÁRiO

A Casa dos Ceifeiros edita Bom Dia, Tristeza de Françoise Sagan (1935-2004); tradução de Isabel St. Aubyn, ilustração de Mily Possoz. IMAG.13-63-484-520

Edições do Saguão lança A Balada do Velho Marinheiro de S.T. Coleridge (1772-1834); tradução e posfácio de Alberto Pimenta. IMAG.391-476
 

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