José
de Matos-Cruz | 24 Março 2020 | Edição Kafre | Ano XVI – Semanal –
Fundado em 2004
PRONTUÁRiO
CUMPLICIDADES
Um
gangue anglo-americano efectua um audacioso furto de jóias em
Londres, acabando por trair-se reciprocamente: Wanda e o seu suposto
irmão, Otto, denunciam à polícia George, o chefe da quadrilha que,
pouco antes, retirou o saque do local onde os companheiros o julgavam
oculto. Desconfiando entre si, porém fingindo uma inabalável
cumplicidade, envolvem-se nas mais hilariantes aventuras. Uns tentam
um meio de escapar à prisão, outros sonham já com um exílio
dourado…
Realizado
pelo veterano Charles Crichton - celebrado entre nós por Roubei
Um Milhão
(1951) - Um
Peixe Chamado Wanda
(1988) consuma um humor transgressivo e absurdo, sob o signo da
comédia aventuresca. Ao característico sarcasmo britânico à Monty
Python
- representado por John Cleese e Michael Palin - corresponde a
chancela de Hollywood, pela feliz e subversiva estilização heróica:
associando um dos Amigos
de Alex,
Kevin Kline, e Jamie Lee Curtis, filha do mítico casal Tony Curtis e
Janet Leigh. Após longas negociações, os quatro voltariam a ser
Criaturas
Ferozes
(1997 - Fred Schepisi), revitalizando a mística… IMAG.447
CALENDÁRiO
23JUN-15SET2018
- Em Lisboa, Galeria Caroline Pagès apresenta Les
Chemins de la Montagne Jaune
- exposição de artes plásticas de Sérgio Carronha & Luisa
Correia Pereira (1945-2009).
07JUL-23SET2018
- Museu Municipal de Faro expõe A
Evolução do Braço: Surrealismo Na Colecção Millennium BCP e
Alguns Ecos Contemporâneos,
sendo curador Nuno Faria.
1926-23AGO2018
- Russell Heath Jr, aliás Russ Heath: Ilustrador americano, autor de
banda desenhada (anos 1960 - Little
Annie Fanny em Playboy,
relatos de guerra para DC Comics - tendo inspirado a pop
art de Roy Lichtenstein) - «O
seu trabalho era tão bom, em expressão realista, que outros
artistas recorriam a ele, como manancial de referência» (Joe
Kubert). IMAG.18-221-360-620-705
1927-26AGO2018
- Marvin Neil Simon, aliás Neil Simon: Escritor americano,
dramaturgo e argumentista - «Sinto-me mais escritor quando trabalho
numa peça, por causa da tradição teatral… Tal não existe no
cinema, a menos que o argumentista seja também o realizador, o que
faz dele um autor».
30AGO2018
- Midas Filmes estreia Milla
(2017) de Valérie Massadian; produção de Terratreme, com Severine
Jonckeere
e Luc
Chessel.
01SET-30SET2018
- No Centro Cultural de Cascais, Fundação D. Luís I expõe, no
ciclo OitoXOito,
Nem Todos os Cactos Têm Picos
de Mosi.
06SET2018
- Ukbar Filmes produziu, e estreia Joaquim
- O Tiradentes (2017) de
Marcelo Gomes; com Júlio Machado e Nuno Lopes.
06SET2018
- Ukbar Filmes produziu, e estreia Vazante
(2017) de Daniela Thomas; com Adriano Carvalho e Luana Tito Nastas.
08SET-11NOV2018
- Bedeteca da Amadora apresenta, em parceria com Clube Português de
Banda Desenhada / CPBD, Parabéns
Garcês - exposição
comemorativa dos 90 anos de Mestre José Garcês - homenageando a
vida e em retrospectiva a obra, numa carreira artística como
ilustrador, pintor e autor de banda desenhada.
IMAG.24-70-78-117-129-149-226-251-256-258-265-321-361-374-416-430-598-627-648-656-678-733-Extra
PARLATÓRiO
Dois
poderosos mitos fizeram-nos acreditar que o amor podia, devia
sublimar-se em criação estética: o mito socrático (amar serve
para criar uma multidão de belos e magníficos discursos) e o mito
romântico (produzirei uma obra imortal escrevendo a minha paixão).
Roland
Barthes
VISTORiA
É
tão suave ess’hora,
Em que nos foge o dia,
E em que suscita a Lua
Das ondas a ardentia,
Se em alcantis marinhos,
Nas rochas assentado,*
O trovador medita
Em sonhos enteado!
O mar azul se encrespa
Co’a vespertina brisa,
E no casal da serra
A luz já se divisa.
E tudo em roda cala
Na praia sinuosa,
Salvo o som do remanso
Quebrando em furna algosa.
Ali folga o poeta
Nos desvarios seus,
E nessa paz que o cerca
Bendiz a mão de Deus.
Mas despregou seu grito
A alcíone gemente,
E nuvem pequenina
Ergueu-se no ocidente:
E sobe, e cresce, e imensa
Nos céus negra flutua,
E o vento das procelas
Já varre a fraga nua.
Turba-se o vasto oceano.
Com hórrido clamor;
Dos vagalhões nas ribas
Expira o vão furor
E do poeta a fronte
Cobriu véu de tristeza;
Calou, à luz do raio,
Seu hino à natureza.
Pela alma lhe vagava
Um negro pensamento,
Da alcíone ao gemido,
Ao sibilar do vento.
Era blasfema ideia,
Que triunfava enfim;
Mas voz soou ignota,
Que lhe dizia assim:
«Cantor, esse queixume
Da núncia das procelas,
E as nuvens, que te roubam
Miríades de estrelas,
E o frémito dos euros,
E o estourar da vaga,
Na praia, que revolve,
Na rocha, onde se esmaga,
Onde espalhava a brisa
Sussurro harmonioso,
Enquanto do éter puro
Descia o Sol radioso,
Tipo da vida do homem,
É do universo a vida:
Depois do afã repouso,
Depois da paz a lida.
Se ergueste a Deus um hino
Em dias de amargura;
Se te amostraste grato
Nos dias de ventura,
Seu nome não maldigas
Quando se turba o mar:
No Deus, que é pai, confia,
Do raio ao cintilar.
Ele o mandou: a causa
Disso o universo ignora,
E mudo está. O nume,
Como o universo, adora!»
Oh, sim, torva blasfémia
Não manchará seu canto!
Brama a procela embora;
Pese sobre ele o espanto;
Que de sua harpa os hinos
Derramará contente
Aos pés de Deus, qual óleo
Do nardo recendente.
Em que nos foge o dia,
E em que suscita a Lua
Das ondas a ardentia,
Se em alcantis marinhos,
Nas rochas assentado,*
O trovador medita
Em sonhos enteado!
O mar azul se encrespa
Co’a vespertina brisa,
E no casal da serra
A luz já se divisa.
E tudo em roda cala
Na praia sinuosa,
Salvo o som do remanso
Quebrando em furna algosa.
Ali folga o poeta
Nos desvarios seus,
E nessa paz que o cerca
Bendiz a mão de Deus.
Mas despregou seu grito
A alcíone gemente,
E nuvem pequenina
Ergueu-se no ocidente:
E sobe, e cresce, e imensa
Nos céus negra flutua,
E o vento das procelas
Já varre a fraga nua.
Turba-se o vasto oceano.
Com hórrido clamor;
Dos vagalhões nas ribas
Expira o vão furor
E do poeta a fronte
Cobriu véu de tristeza;
Calou, à luz do raio,
Seu hino à natureza.
Pela alma lhe vagava
Um negro pensamento,
Da alcíone ao gemido,
Ao sibilar do vento.
Era blasfema ideia,
Que triunfava enfim;
Mas voz soou ignota,
Que lhe dizia assim:
«Cantor, esse queixume
Da núncia das procelas,
E as nuvens, que te roubam
Miríades de estrelas,
E o frémito dos euros,
E o estourar da vaga,
Na praia, que revolve,
Na rocha, onde se esmaga,
Onde espalhava a brisa
Sussurro harmonioso,
Enquanto do éter puro
Descia o Sol radioso,
Tipo da vida do homem,
É do universo a vida:
Depois do afã repouso,
Depois da paz a lida.
Se ergueste a Deus um hino
Em dias de amargura;
Se te amostraste grato
Nos dias de ventura,
Seu nome não maldigas
Quando se turba o mar:
No Deus, que é pai, confia,
Do raio ao cintilar.
Ele o mandou: a causa
Disso o universo ignora,
E mudo está. O nume,
Como o universo, adora!»
Oh, sim, torva blasfémia
Não manchará seu canto!
Brama a procela embora;
Pese sobre ele o espanto;
Que de sua harpa os hinos
Derramará contente
Aos pés de Deus, qual óleo
Do nardo recendente.
Alexandre
Herculano
MEMÓRiA
1915-23MAR1980
- Roland Gérard Barthes, aliás Roland Barthes: Escritor, crítico
literário, sociólogo, semiólogo e filósofo francês - «É a
linguagem, em todos os níveis (da frase ao discurso) e através das
diversas formas (artes, literaturas, sistemas), que sempre me tem
interessado, que eu sempre tenho desejado». IMAG.125-267-303-538
1932-27MAR2010
- Richard Joseph Giordano, aliás Dick Giordano: Editor, ilustrador e
artista norte-americano de banda desenhada, lançou Action
Heroes em Charlton Comics, e
assinou aventuras de super-heróis como Batman,
Lanterna Verde / Green
Lantern, Wonder
Woman / Mulher Maravilha e
The Flash,
sendo executivo de DC Comics; distinguido como Melhor Editor (Prémio
Alley - 1969) ou Melhor Arte-Finalista (Prémio Shazam - 1970-1974).
IMAG.26-243-297-379
28MAR1810-1877
- Alexandre Herculano de Carvalho e Araújo, aliás Alexandre
Herculano: Ficcionista, poeta, dramaturgo, historiador e jornalista
português - «O homem é mais propenso a contentar-se com as ideias
dos outros, do que a reflectir e a raciocinar».
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GALERiA
Exposição
de originais do livro de banda desenhada editado pela Polvo (2017),
incluído no Plano Nacional de Leitura.
«Eu
e a Luísa conhecemo-nos na primária, e somos amigas desde então.
Sempre fomos um bocado diferentes, se calhar é por isso que nos
completamos. Mas, quero acreditar que a conheço melhor que ninguém.
A Luísa, naquele dia, levou um lírio. E ela não usava brincos.»
Mosi
(Joana Simão) nasceu em 1994, Lisboa, e gosta de desenhar desde
criança, sendo mais tarde licenciada em Pintura pela FBAUL, em 2017.
Atualmente,
vive na Ericeira, onde fundou a associação cultural sem fins
lucrativos EriceiraBD, que visa promover a banda desenhada, a
ilustração e todas as artes visuais relacionadas. Paralelamente,
frequenta o Mestrado em Desenvolvimento de Projecto Cinematográfico
na ESTC e coordena o curso de Concept Art, na Etic, onde também dá
aulas de Desenho.
BREVIÁRiO
Tinta
da China edita O Grilo Na
Varanda - Correspondência (1966-2001)
de Luiz Pacheco (1925-2008) para Laureano Barros (1921-2008);
introdução e notas de João Pedro George.
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Cavalo
de Ferro edita Os Prémios de
Julio Cortázar (1914-1984); tradução de Isabel Pettermann.
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