sábado, dezembro 01, 2018

IMAGINÁRiO #746

José de Matos-Cruz | 08 Março 2020 | Edição Kafre | Ano XVI – Semanal – Fundado em 2004

PRONTUÁRiO

PRECONCEITOS
A solitária Carrie, com dezasseis anos, é vítima de escárnio das companheiras de liceu, pelas suas inabilidade e ignorância, face às questões essenciais da vida. Tais problemas resultam, em grande parte, da educação repressiva e traumatizante da mãe, uma fanática religiosa cuja obsessão do pecado, a par de horror pelo comportamento sexual, se devem ao abandono do marido com outra mulher. Durante a festa de finalistas, Carrie - com poderes especiais, para movimentar pessoas e objectos - é ridicularizada pelas colegas. Desesperada, inicia então uma vingança terrível e sanguinária - que se estende à progenitora, para quem está possuída pelo demónio…Carrie (1976) é um dos filmes marcantes de Brian DePalma, em homenagem ao seu mestre Alfred Hitchcock - sob o signo do terror-fantástico, com argumento de Lawrence D. Cohen, sobre uma novela de Stephen King (de novo transposta em 2013, por Kimberly Peirce). Eis a família americana em causa, quanto aos preconceitos morais e aos fantasmas da sensualidade. Um perturbante desempenho por Sissy Spacek, candidata ao Oscar, ao lado de John Travolta em ascensão. IMAG.101-134-152-710

CALENDÁRiO

05JUL-23SET2018 - Em Lisboa, Galeria Avenida da Índia apresenta La Neblina - instalações de escultura, colagem, desenho, performance e vídeo de Runo Lagomarsino (Suécia), sendo curadora Filipa Oliveira.

26JUL-09SET2018 - Em Lisboa, Capela do Rato apresenta Junto ao Chão - instalação de Carlos Nogueira, com textos de Manuel de Freitas. IMAG.279-300/732

10AGO1950-16AGO2018 - Pedro Leitão de Campos Rosado, aliás Pedro de Campos Rosado: Artista plástico português, escultor e professor, cofundador da Escola Superior de Arte e Design/ESAD das Caldas da Rainha.

1942-18AGO2018 - Maria Isabel Laginhas Vaz, aliás Isabel Laginhas: Artista plástica portuguesa, ilustradora e figurinista, professora de tapeçaria e desenho - «Para além da obra artística, deixa também uma experiência de vida única nos seus antigos alunos» (António Costa).

23AGO2018 - Leopardo Filmes produziu, e estreia Sol Cortante / Soleil Battant (2017) de Clara Laperrousaz e Laura Laperrousaz; com Ana Girardot e Teresa Madruga.

25AGO-14OUT2018 - Torre do Castelo de Evoramonte apresenta Marcado Pelo Tempo - exposição de cerâmica de Yvonne Halfens (Holanda).

VISTORiA

A Vida

Foi-se-me pouco a pouco amortecendo
a luz que nesta vida me guiava,
olhos fitos na qual até contava
ir os degraus do túmulo descendo.

Em se ela anuviando, em a não vendo,
já se me a luz de tudo anuviava;
despontava ela apenas, despontava
logo em minha alma a luz que ia perdendo.

Alma gémea da minha, e ingénua e pura
como os anjos do céu (se o não sonharam…)
quis mostrar-me que o bem bem pouco dura!

Não sei se me voou, se ma levaram;
nem saiba eu nunca a minha desventura
contar aos que inda em vida não choraram…
João de Deus
- Campo de Flores
VISTORiA


Tudo passa. Sofrimentos, dores, sangue, fome e peste. A espada vai desaparecer, mas as estrelas vão permanecer no céu, quando nem uma sombra dos nossos corpos e das nossas obras restar no mundo.
Milkhail Bulgákov
- A Guarda Branca (excerto)

MEMÓRiA

08MAR1830-1896 - João de Deus de Nogueira Ramos, aliás João de Deus: Poeta e pedagogo português, autor de Campo de Flores e criador do método de leitura Cartilha Maternal - «A vida é o dia de hoje, / a vida é ai que mal soa, / a vida é sombra que foge, / a vida é nuvem que voa; / a vida é sonho tão leve / que se desfaz como a neve / e como o fumo se esvai: / A vida dura um momento, / mais leve que o pensamento, / a vida leva-a o vento, / a vida é folha que cai!» (A Vida - excerto).  
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09MAR1910-1981 - Samuel Osborne Barber, aliás Samuel Barber: Compositor americano - «A minha obra nasce daquilo que eu sinto. Não sou um criador por consciência própria». IMAG.443-612

09MAR1930-2015 - Randolph Denard Ornette Coleman, aliás Ornette Coleman: Compositor e saxofonista americano - «…A quem se devem algumas das mais importantes inovações na história do jazz» (João Moço). IMAG.574-618

1926-09MAR2010 - Alda Neves da Graça do Espírito Santo, aliás Alda Graça, aliás Alda do Espírito Santo: Escritora natural de São Tomé e Príncipe, militante da luta pela independência, autora do Hino Nacional, ministra e deputada - «Perde a literatura de língua portuguesa uma grande figura, e perdemos todos no campo dos afectos» (Pepetela). IMAG.293-560

10MAR1920-1959 - Boris Paul Vian, aliás Boris Vian: Ficcionista, poeta, actor e cantor francês - «Se nos queremos lembrar apenas dos bons momentos, então para que servem os maus?».
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1882-10MAR1930 - Artur Alves Cardoso: Pintor português, discípulo de Carlos Reis, membro do Grupo Silva Porto - «Descansarei trabalhando, habituando de novo a minha visão ao ambiente da nossa terra» (1929). IMAG.639

1891-10MAR940 - Milkhail Afanásievitch Bulgákov, aliás Milkhail Bulgákov: Ficcionista e dramaturgo russo - «Todo o poder é uma violência exercida contra as pessoas». IMAG.378-588

ITINERÁRiO

Compositor clássico norte-americano, nasceu a 9 de março de 1910, em West Chester, Pensilvânia, e faleceu a 23 de janeiro de 1981, em Nova Iorque. O seu talento musical revelou-se bastante cedo: aos sete anos de idade escrevia a sua primeira peça, aos 10 anos tentava a sua primeira ópera e, aos 12, conseguia um emprego como organista.
Com 14 anos entrou para o Curtis Institut of Music, em Filadélfia, onde estudou voz com Emílio de Gogorza, composição com Rosário Scalero e piano com Isabelle Vengerova.
Neste instituto conheceu Gian Carlo Menotti, com quem iria manter uma longa relação profissional e de amizade. Depois de cumprir o serviço militar, durante o qual compôs a Segunda Sinfonia, voltou para os Estados Unidos, partilhando uma casa com Menotti. Aqui, em Mt. Kisco, compôs a maioria das suas obras pós-guerra. Menotti forneceu os libretos para as óperas Vanessa (com a qual Barber venceu o Pulitzer) e A Hand of Bridge. Em 1963, voltou a vencer um Prémio Pulitzer com Concerto for Piano and Orchestra. A estreia mundial da ópera Antony and Cleópatra deu-se em 1966, na abertura do novo auditório da Metropolitan Opera do Lincoln Centre for the Perfoming Arts.
A composição orquestral tornou-se predominante na sua criação, sendo Adagio for Strings a sua mais famosa obra. Barber atingiu o reconhecimento mundial como o primeiro americano a ser interpretado por Toscanini e pela NBC Symphony, quando apresentaram Adagio juntamente com Essay nº 1 for Orchestra.
Apesar de a sua popularidade provir de Adagio for Strings, as suas composições para voz representavam uma significante parte da sua obra. Barber era sobrinho da famosa contra-alto Louise Homer, daí ter acesso à música desde muito cedo, levando-o mesmo a estudar voz, mais tarde.
Foi galardoado com inúmeros prémios e distinções, entre os quais o American Prix de Rome, dois Pulitzer Awards e a eleição para a Academia Americana de Artes e Letras.
A sua obra intensamente lírica Adagio for Strings tornou-se numa das mais amadas composições, estando presente em inúmeros concertos e bandas sonoras (Platoon, The Elephant Man, El Norte, Lorenzo’s Oil).

LAUDATÓRiO

João de Deus
João de Deus é uma das personificações mais belas do nosso carácter peninsular; vivo e indolente, devaneador e apaixonado, crente e sentimental. É uma flor do meio-dia, cheia de seiva e colorido, dos poetas e nunca ninguém sentiu entre nós mais ardente a sua imortalidade do que Bocage. Com que entusiasmo ele exclamava ao ver os seus versos elogiados na boca de Filinto: «Zoilos tremei; posteridade, és minha!» Sob este ponto de vista, João de Deus é a antítese completa de Bocage. Este tinha a inspiração orgulhosa, cheia de fogo, rebentando quase num caudal de ironia e de sarcasmo. João de Deus tem a inspiração serena, espontânea, quase inconsciente. João de Deus é como a flor do campo, que rebenta formosa sem cultivo, velada apenas pela graça de Deus, o jardineiro supremo. As suas poesias são verdadeiras flores do campo, mas das mimosas, das encantadoras na sua singeleza, das que, guardadas num álbum, conservam perfeitamente a delicadeza da forma, o colorido transparente da corola, o aveludado do cálice, a disposição encantadora das pétalas.
08MAR1895 - Diário de Notícias

BREVIÁRiO

Ítaca edita O Castelo de Franz Kafka (1883-1924); tradução de Isabel Castro Silva.
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